Com informações da SBPC e Agência Brasil - 17/02/2012
Repúdio
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) divulgou nota "repudiando" o corte de R$ 1,486 bilhão do orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Com a medida, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) perderá 23% do que estava previsto na Lei Orçamentária Anual - dos R$ 6,7 bilhões, perderá R$ 1,48 bilhão, aproximadamente.
A redução ocorre após decisão do governo de bloquear gastos de R$ 55 bilhões no Orçamento federal de 2012. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, alegou que o corte ajudará o governo a cumprir a meta cheia de superávit primário de R$ 140 bilhões.
Para a presidente da SBPC, Helena Nader, o anúncio do corte vai na contramão da história. "Trata-se de uma área estratégica que está sendo fragilizada," alertou ela.
Inovação só no nome
Ela lembrou que o ministério incorporou "inovação" ao nome em 2011, mas não recebeu reforço orçamentário: "O ministério ganhou mais um penduricalho e está com menos dinheiro. É uma incoerência", ponderou.
Nader lembrou que nos Estados Unidos, durante a crise, o presidente Barack Obama aumentou os investimentos na área em vez de diminuir.
Ela lembrou que a educação (que também teve cortes de R$ 1,938 bilhão) e a ciência e a tecnologia fazem parte de uma cadeia que resulta na inovação.
"As nações mais desenvolvidas investem em ciência e tecnologia para ampliar sua base de conhecimento e aumentar seu potencial de inovação, de modo a gerar mais emprego e melhorar a distribuição de renda", observa.
Política de estado
Segundo ela, os cofres públicos são a maior fonte de investimento em ciência nos principais produtores de conhecimento do mundo. "Ou é uma política de estado, ou o Brasil não vai sair do mesmo", alertou.
Este é o segundo corte consecutivo no orçamento do Ministério.
Em 2011, do orçamento previsto de R$ 7,4 bilhões, a pasta perdeu R$ 1 bilhão e o valor caiu para R$ 6,4 bilhões. Em 2010, o valor destinado para investimentos em ciência no Brasil foi de R$ 7,8 bilhões.
A presidente da SBPC teme que o corte afete programas importantes, como o Ciência sem Fronteira, por exemplo, que prevê até 2014 a concessão de 75 mil bolsas para formação no exterior.