Com informações da ESA - 21/03/2015
A nave Rosetta da ESA fez a primeira medição de nitrogênio molecular em um cometa, fornecendo pistas acerca da temperatura ambiente na qual o Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko pode ter-se formado.
A Rosetta chegou em agosto passado ao cometa, e desde então tem recolhido extensos dados sobre o cometa e o ambiente à sua volta, com os seus 11 instrumentos científicos.
Nitrogênio molecular
A detecção do nitrogênio molecular em um cometa era esperada há muito tempo, mas, até agora, o elemento só tinha sido detectado ligado a outros componentes, incluindo cianeto de hidrogênio e amônia, por exemplo.
A detecção do nitrogênio livre é particularmente importante porque os astrofísicos acreditam que esse era o tipo de nitrogênio mais comum quando o Sistema Solar estava se formando.
Pelo modelo, o gás deveria estar presente nas regiões exteriores mais frias, onde se acredita que os cometas foram formados, de onde então migrou para os planetas gasosos, que são ricos em nitrogênio. O gás também domina a densa atmosfera da lua de Saturno, Titã, e está presente nas atmosferas e gelos de superfície de Plutão e da lua de Netuno, Tritão.
Mas os dados não confirmam totalmente os modelos de formação do Sistema Solar, com a quantidade de nitrogênio encontrada até agora no cometa 67P sendo pelo menos 25 vezes menor do que a esperada.
Ajuste dos modelos
Os novos resultados baseiam-se em 138 medições feitas pelo espectrômetro ROSINA no período de 17 a 23 Outubro de 2014, quando a sonda Rosetta estava a cerca de 10 km do cometa.
"A identificação de nitrogênio molecular constitui um importante constrangimento às condições em que o cometa se formou, porque são necessárias temperaturas muito baixas para que ele fique preso no gelo," diz Martin Rubin da Universidade de Berna, principal autor do artigo em que são apresentados os resultados, publicados na revista Science.