Redação do Site Inovação Tecnológica - 18/05/2022
Rocha extraterrestre
Uma famosa e controversa rocha de origem possivelmente extraterrestre, voltou às manchetes.
Agora, a alegação é que a rocha Hipácia, encontrada no Egito em 1996, seria resultado da explosão de uma supernova tipo Ia.
Desde que foi encontrada, diversas equipes fizeram análises da curiosa rocha, mas as conclusões têm variado muito, indo desde alegações de que ela poderia ser originária aqui mesmo da Terra, até sugestões de que ela seria ou um tipo de meteorito ou mesmo uma rocha além do Sistema Solar.
Jan Kramers e seus colegas da Universidade de Joanesburgo, na África do Sul, fizeram agora uma nova análise e chegaram àquela que talvez seja a conclusão mais "radical" encontrada até agora.
"Em certo sentido, poderíamos dizer que 'pegamos' uma explosão de supernova Ia 'no ato', porque os átomos de gás da explosão foram capturados na nuvem de poeira circundante, que acabou formando o corpo pai de Hipácia," disse Kramers.
Química forense
A equipe afirma ter feito uma "química forense" em várias amostras, eliminando todos os "suspeitos cósmicos" para a origem da rocha, que apresenta uma composição curiosa, repleta de microdiamantes e com ausência quase total de silicatos.
"Em vez de explorar todas as anomalias incríveis que Hipácia apresenta, queríamos explorar se existe uma unidade subjacente. Nós queríamos ver se existe algum tipo de padrão químico consistente na pedra," afirmou o pesquisador.
Para isso foram selecionados 17 alvos na amostra bem distantes dos minerais terrestres que se formaram nas rachaduras da rocha original que caiu na Terra, possivelmente há milhões de anos.
"Encontramos um padrão consistente de abundância de oligoelementos que é completamente diferente de qualquer coisa no Sistema Solar, primitivo ou evoluído. Objetos no cinturão de asteroides e meteoros também não combinam com isso. Então, em seguida, olhamos para fora do Sistema Solar," disse Kramers.
A grande quantidade de ferro e a pequena quantidade de silício e outros elementos mais pesados que o ferro descartaram a eventual origem da rocha em uma estrela gigante vermelha, que é muito comum no Universo.
Uma supernova do tipo II também não se encaixou na explicação por causa da grande quantidade de ferro e pela presença de minerais como o fosfeto de níquel.
Já uma supernova do tipo Ia, muito mais rara, é uma das grandes fontes de ferro do Universo. E foi nessa linha que a equipe seguiu.
Supernova tipo Ia
Olhando para o que se espera encontrar em uma supernova, oito dos 15 elementos analisados estão de acordo com as faixas previstas de proporções relativas ao ferro: Silício, enxofre, cálcio, titânio, vanádio, cromo, manganês, ferro e níquel.
Nem todos os 15 elementos analisados em Hipácia, porém, se encaixam nas previsões. Em seis deles, as proporções foram entre 10 e 100 vezes maiores do que os intervalos previstos pelos modelos teóricos para supernovas do tipo 1a: Alumínio, fósforo, cloro, potássio, cobre e zinco. Mas isso não foi suficiente para que a equipe desistisse de sua hipótese.
"Uma vez que uma estrela anã branca é formada a partir de uma gigante vermelha moribunda, Hipácia poderia ter herdado essas proporções de elementos para os seis elementos de uma estrela gigante vermelha. Este fenômeno foi observado em estrelas anãs brancas em outras pesquisas," defende Kramers.
Se essa hipótese estiver correta, a rocha Hipácia seria a primeira evidência tangível na Terra de uma explosão de supernova, um dos eventos mais energéticos do Universo.
Mas, dado o histórico das pesquisas envolvendo a misteriosa rocha, é previsível que novas opiniões um tanto explosivas surgirão com a divulgação deste novo trabalho, sendo prudente esperar novas análises e novas hipóteses.