Redação do Site Inovação Tecnológica - 11/06/2013
Frio sob o Sol
Quanto mais forte o Sol, mais quentes ficarão as casas e prédios, exigindo mais energia para o ar-condicionado, certo?
Normalmente sim, mas não se as paredes forem dotadas de uma nova tecnologia desenvolvida por Eden Rephaeli e seus colegas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.
Eles desenvolveram uma técnica de resfriamento inteiramente nova, chamada refrigeração radiativa, capaz de resfriar o interior das construções mesmo sob o Sol mais quente - e sem usar energia elétrica.
O dispositivo cumpre duas funções básicas.
A primeira é refletir a maior parte possível da luz solar - quanto maior a reflexão, menor será o calor absorvido pelo revestimento e passado para o edifício.
A segunda é irradiar o calor para o espaço. Para isso, a estrutura emite radiação termal em uma faixa de comprimentos de ondas à qual a atmosfera é praticamente transparente - a reflexão do calor pela atmosfera é o principal mecanismo do efeito estufa.
"Ninguém havia sido capaz de superar os desafios do resfriamento radiativo diurno, resfriar quando o Sol está brilhando," disse Rephaeli.
Emissor térmico e refletor solar
Para desenvolver o sistema de refrigeração passiva, o pesquisador usou materiais fotônicos nanoestruturados, cujas estruturas em nanoescala podem ser fabricadas para se comportar de maneiras muito precisas em relação à luz.
"Nós combinamos o emissor térmico e o refletor solar em um único dispositivo, aumentando seu desempenho e tornando-o muito mais robusto e prático. Em particular, estamos muito entusiasmados porque este projeto viabiliza aplicações em escala industrial e sem conexão elétrica," disse Aaswath Raman, coautor do estudo.
Os testes mostraram que o material alcança um resfriamento líquido acima de 100 watts por metro quadrado.
Uma sugestão dos pesquisadores é que painéis solares que estejam gerando eletricidade para alimentar o ar-condicionado poderiam ser parcialmente substituídos pelo revestimento passivo.
"Também vislumbramos aplicações para o arrefecimento radiativo em áreas do mundo em desenvolvimento sem acesso à energia, onde o ar-condicionado não é uma opção. Há um grande número de pessoas que poderiam se beneficiar destes sistemas," disse o professor Shanhui Fan.