Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/07/2018
Lubrificação passiva a ar
Há tempos os navios tentam ficar mais verdes, e uma das principais ideias é criar uma espécie de "colchão de ar" entre o navio e a água para eliminar o atrito.
É esta ideia que engenheiros do Centro Fraunhofer de Logística e Serviços Marítimos, na Alemanha, pretende testar na prática por meio do projeto Aircoat, sigla em inglês para revestimento para redução da fricção em navios induzida por ar.
Para facilitar a adoção desse mecanismo de lubrificação passiva a ar, a equipe pretende fabricar folhas autoadesivas que possam ser fixadas no casco dos navios.
O segredo da tecnologia está na microestrutura desse revestimento, que irá criar uma fina camada de ar entre o navio e a água, reduzindo significativamente a resistência ao atrito.
Como resultado, o consumo de combustível e a emissão de gases de escape do navio serão reduzidas consideravelmente. O revestimento de ar reduzirá ainda a emissão de ruído e impedirá que organismos marinhos se instalem no casco, os chamados incrustantes.
Efeito salvínia
Este método de revestimento de ar inovador é uma aplicação biônica, ou seja modelada com inspiração na natureza. A técnica é baseada no chamado efeito salvínia, descoberto conjuntamente pelo botânico Wilhelm Barthlott, da Universidade de Bonn, e pelo professor Thomas Schimmel, do Instituto de Tecnologia Karlsruhe, ambos na Alemanha.
O efeito permite que certas plantas, como a samambaia flutuante (Salvinia molesta), respirem debaixo d'água - a Salvinia molesta é uma planta nativa do sudeste do Brasil. Essas plantas retêm uma fina camada de ar na superfície de suas folhas, que é coberta por estruturas semelhantes a pêlos e é altamente repelente à água.
A ideia do projeto Aircoat é implementar tecnologicamente esse efeito de manter camadas de ar em superfícies embaixo d'água em um sistema sintético, que possa ser fabricado industrialmente em larga escala.
"Nós desenvolvemos um método para produzir uma superfície artificial que imita o efeito no laboratório. Um protótipo inicial que foi colocado debaixo d'água há mais de cinco anos ainda está coberto por uma camada permanente de ar," contou o professor Schimmel.
A equipe está se dedicando agora a otimizar a tecnologia e estudar as propriedades da superfície experimental e numericamente. A seguir, eles planejam demonstrar a eficiência e a viabilidade industrial e a aplicação do revestimento em navios de pesquisa e em navios porta-contêineres. A intenção é ter um produto comercial dentro de três anos.