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Energia

Projeto quer represar o Mar Vermelho para gerar 50 gigawatts de eletricidade

Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/12/2007

Represa no Mar Vermelho gerará 50 gigawatts por helio-hidroeletricidade

A proposta é provavelmente o maior projeto de engenharia já concebido pelo homem: represar o Mar Vermelho, eliminando sua comunicação com os outros oceanos da Terra, para construir uma represa capaz de gerar 50 gigawatts de eletricidade por meio de um processo chamado helio-hidroeletricidade.

Represa do Mar Vermelho

A represa formaria uma barreira que eliminaria o influxo de água do oceano para o Mar Vermelho. A barragem exigirá a construção de um muro de 100 quilômetros de comprimento e 150 metros de altura, ligando a Eritréia ao Yemen.

Depois que a represa fosse fechada, a evaporação natural faria com que o nível do Mar Vermelho baixasse em 100 metros. Depois de três séculos, quando então teria sido transformado em uma enorme piscina de água super salgada, o "novo" Mar Vermelho faria a extinção do Mar de Aral parecer o esvaziamento de um tanque de lavar roupas.

A diferença de altitude entre a superfície do Oceano Índico e a do Mar Vermelho seria aproveitada para gerar até 50 gigawatts de eletricidade. Como o Mar Vermelho possui um altíssimo índice de evaporação, a água que entrasse e movimentasse as turbinas evaporaria constantemente, mantendo o desnível e permitindo a geração continuada de energia. É por causa do papel essencial que a evaporação desempenha no projeto que os engenheiros chamam essa forma particular de geração de energia de heliohidroeletricidade.

Impactos globais

"Um projeto destes irá afetar dramaticamente a região em termos econômicos, políticos e ecológicos, e seus efeitos poderão ser sentidos bem além dos limites físicos e políticos do projeto," afirma Roelof Dirk Schuiling, um dos autores de um estudo que acaba de ser publicado e discute os diversos impactos da eventual construção da já batizada represa de Bab-al-Mandab - o nome do estreito que liga o Mar Vermelho ao Oceano Índico.

Os cientistas destacam que o custo e o tempo envolvido na criação de uma usina hidroelétrica como a de Bab-al-Mandab estão muito além das considerações meramente econômicas. Um projeto de macro-engenharia dessa magnitude certamente terá impactos que não podem ser totalmente previstos, podendo devastar ecossistemas inteiros.

Elevação do nível dos oceanos

Por outro lado, 50 gigawatts de energia gerados sem a emissão de gases causadores do efeito estufa podem ser tentadores. Principalmente para os países diretamente envolvidos no projeto, que terão energia sustentável para suas futuras gerações.

Contudo, o assunto não poderá ser resolvido unicamente pelos países banhados pelo Mar Vermelho: a barragem causaria uma elevação de 12 centímetros no nível global dos oceanos ao longo dos primeiros 50 anos do projeto. Para comparação, segundo os cálculos do IPCC, o impacto das atividades humanas sobre o clima em nível global, se mantido no nível atual, deverá elevar os oceanos em 12 centímetros nos próximos 20 anos.

Depois de 291 anos, quando o nível do Mar Vermelho atingisse seu nível projetado, os oceanos já teriam subido 30 centímetros unicamente por causa da barragem de Bab-al-Mandab. O "antigo Mar Vermelho" teria então apenas um terço da área que ele tem hoje.

Outro projeto similar pretende construir uma represa no Estreito de Ormuz, na entrada do Golfo Pérsico.

Bibliografia:

Artigo: Power from closing the Red Sea: economic and ecological costs and benefits following the isolation of the Red Sea
Autores: Roelof Dirk Schuiling, Viorel Badescu, Richard B. Cathcart, Jihan Seoud, Jaap C. Hanekamp
Revista: International Journal of Global Environmental
Data: 7, No.4 pp. 341 - 361
Vol.: December 2007
DOI: 10.1504/IJGENVI.2007.016114
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