Redação do Site Inovação Tecnológica - 09/02/2022
Dando a partida
O protótipo de reator de fusão nuclear JET (Joint European Torus), no Reino Unido, bateu seu próprio recorde de produção de energia.
As reações de fusão liberaram um total de 59 megajoules de energia na forma de nêutrons durante uma descarga de plasma de cinco segundos.
Expresso em unidades de potência (energia por tempo), o JET alcançou uma potência de pouco mais de 11 megawatts em média nesses cinco segundos.
O recorde de energia anterior, estabelecido em 1997 no mesmo laboratório, era de pouco menos de 22 megajoules de energia total e 4,4 megawatts de potência média em cinco segundos.
Apesar de o recorde estabelecer um marco importante no campo da fusão nuclear, ainda estamos longe da produção líquida de energia: Os 11 MW produzidos exigiram 40 MW de potência de entrada.
Modelo para o ITER
O reator JET foi construído na década de 1980, tendo alcançado a primeira liberação controlada do mundo da fusão de deutério-trítio, em 1991.
Nos últimos 10 anos, porém, ele passou a ser preparado para servir como uma espécie de laboratório do muito maior ITER, o reator de fusão nuclear internacional que está sendo construído na França.
Entre as várias modificações está a mudança do combustível: Em vez de fazer a fusão de deutério e trício, o JET passou a fundir deutério e hidrogênio.
Outra alteração importante foi a substituição do revestimento de carbono do vaso de plasma, usado originalmente, por uma mistura de berílio e tungstênio, a mesma que será usada no ITER. O metal tungstênio é mais resistente que o carbono, que, além disso, armazena muito hidrogênio. No entanto, a parede agora metálica impõe novas exigências à qualidade do controle do plasma.
Os experimentos feitos agora demonstram o sucesso dessa atualização: Em temperaturas dez vezes mais altas do que as do centro do sol, foram alcançados níveis recordes de energia de fusão.
Mas o reator JET é pequeno demais para permitir a produção líquida de energia - liberar mais energia do que a energia que o reator consome. Para isso, teremos mesmo que esperar o ITER, cujos primeiros testes estão previstos para 2035.
Se parece que vai demorar demais, é bom saber que outra equipe promete fusão nuclear em 2024.