Redação do Site Inovação Tecnológica - 05/08/2022
Radiotelescópio brasileiro
A equipe responsável pela construção do radiotelescópio Bingo anunciou o que eles chamam de "a pedra fundamental científica do projeto".
O radiotelescópio, que está sendo construído em Aguiar, no estado da Paraíba, e deverá começar a operar no primeiro semestre de 2023, é um projeto liderado pela USP (Universidade de São Paulo) e pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
Seu principal objetivo será mapear e analisar emissões cósmicas de gases, captadas como ondas de rádio, para entender o funcionamento de uma das regiões mais desconhecidas do Universo, o chamado setor escuro - energia escura e matéria escura, hipóteses até hoje resistindo a todas as tentativas de observação.
A pedra fundamental científica do projeto se refere à publicação de sete artigos científicos, na revista Astronomy & Astrophysics, fundamentando a ciência e as técnicas envolvendo o desenvolvimento dos equipamentos que formam o radiotelescópio.
"[Esses artigos] descrevem a tecnologia, a eletrônica, o tipo de observação usada, descrevem a óptica pela qual nós vamos observar o Universo, descrevem como nós separamos a parte científica do ruído, que é muito difícil, mostram como esses ruídos são gerados, qual é a visão que esperamos do projeto e qual é a ciência que vamos tentar observar," contou o professor Élcio Abdalla, coordenador-geral do projeto.
Emissões de hidrogênio
O radiotelescópio Bingo irá sintonizar, por meio de radiofrequência - numa faixa de onda similar à dos telefones celulares -, emissões radioativas de hidrogênio, o elemento químico mais abundante em todo o cosmos.
"Tais emissões aconteceram quando o Universo começava a se formar. Depois de o sinal ser limpo de interferências, ele será analisado, fornecendo evidências de como se deu a expansão do Universo e da estrutura do setor escuro," detalhou o pesquisador Thyrso Villela, do Inpe.
Desde o início do projeto foram investidos R$ 30 milhões na construção do radiotelescópio.
"Atualmente em Aguiar, na Serra da Catarina, estão em obras a estrada de acesso e os alicerces que receberão a estrutura de sustentação do radiotelescópio, em fabricação na China. Essa estrutura receberá duas antenas e um conjunto óptico de 28 cornetas, cada uma com 1,8 metro (m) de abertura e 5 m de comprimento, responsáveis pela captação das emissões em radiofrequência, projetadas no Instituto de Física [da USP] e que estão sendo feitas numa indústria em São Paulo.
"A parte eletrônica do equipamento, que fará a limpeza do sinal e sua análise, está em elaboração no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e na UFCG, e o projeto irá dispor de computadores de alta potência importados dos Estados Unidos. O plano é que as obras estejam concluídas e a calibração do equipamento de observação tenha início no primeiro semestre de 2023," detalhou Élcio.