Com informações da - Agência USP - 14/03/2011
Qualidade no planejamento e execução
Planejar e construir não são atividades tão fáceis como possa parecer. Demandam mais do que dinheiro e tempo, e requerem, também, a busca pela qualidade.
A "qualidade" durante o planejamento e o andamento do projeto foi o tema da pesquisa de André Vidal Campos, da Escola Politécnica da USP.
O resultado foi o desenvolvimento de uma metodologia multidimensional para projetos de grande complexidade.
"Na vida prática comecei a perceber que análises apenas de custo e prazo, em projetos complexos, pecam ao não identificar desvios no planejamento por falta desta dimensão," explica Campos.
A dimensão qualidade tem tudo a ver com a maneira com que o produto do projeto vai se adequar à vontade do dono da obra. "Se o cliente quer uma casa com três quartos e, ao final, há somente dois, a qualidade não foi atingida, mesmo que os custos e os prazos tenham sido reduzidos. A sensação que transparece é que tempo e dinheiro foram gastos incorretamente", avalia.
A pesquisa desta nova metodologia foi feita em duas etapas. Na primeira, desenvolveu-se um modelo multidimensional que integra custo, prazo e qualidade na avaliação de desempenhos de projeto. Num segundo momento, foram realizadas entrevistas com empresas de forma a avaliar como o quesito qualidade era tratado por elas.
Qualidade "subjetiva"
Segundo Campos, ao contrário da objetividade de que se utilizam quando lidam com o controle de custos e prazos, as empresas tratam a qualidade de forma subjetiva e a relegam a cargo da equipe técnica que efetivamente executará a obra. "Tratar qualidade de forma objetiva exige um grau de maturidade em gerenciamento de projetos que, em geral, as empresas não têm".
Esta maturidade se constitui em saber inicialmente orientar o projeto, considerando os requisitos de interesse do cliente e a possibilidade de desdobramentos que possam surgir. O foco principal do projeto sempre são os anseios do cliente. Cabe ao projetista a verificação do que vai ser utilizado e feito para atingir esta meta, considerando a elaboração de planos e a aprovação do cliente, bem como, o acompanhamento do projeto para saber se tudo está saindo conforme o planejado.
A mudança que esta nova metodologia traz, surge quando se passa a enxergar o projeto sob todos os desejos do cliente e são dadas a cada um dos requisitos um grau de importância dentro do projeto.
"Se o cliente dá importância ao conforto térmico de uma casa o gerente do projeto deve se preocupar em fazer todo um planejamento que considere desde a fundação, a alvenaria e as instalações de forma a garantir que o requisito seja atendido. Até mesmo considerando um sistema de ar condicionado no escopo do projeto se esta for a única forma de satisfazer o desejo do cliente", exemplifica Campos.
"Se você é criterioso, os requisitos técnicos acabam por unificar o que o cliente espera com o planejamento do projeto. Fica mais fácil verificar quanto custa cada passo, assim como, cada uma das demandas do cliente, o que facilita o monitoramento e controle do andamento da obra", afirma o engenheiro.
Metodologia multidimensional
A metodologia multidimensional, segundo Campos, pode auxiliar principalmente no ambiente de gerenciamento de projetos de crescimento do País, como um todo. "Ela propicia uma gestão de obras mais rápidas e menos onerosas tanto em tempo quanto em custos. O monitoramento de projetos de forma multidisciplinar alerta o gerente de projetos quanto a desvios enquanto ainda é possível tomar medidas corretivas."
Com a proximidade da Copa do Mundo, a previsão da qualidade seria extremamente funcional, visto que a demanda de mega projetos envolve não só a construção de estádios públicos, mas toda a infraestrutura, como por exemplo, meio de transportes, vias públicas, setor hoteleiro e de lazer , além de todas as variáveis possíveis de grandes projetos arquitetônicos e urbanísticos.