Redação do Site Inovação Tecnológica - 08/02/2017
Pulsar de anã branca
Um exótico sistema binário de estrelas, a 380 anos-luz de distância da Terra, foi identificado como um pulsar de anã branca - o primeiro corpo celeste desse tipo a ser descoberto no Universo.
Os pulsares, descobertos na década de 1960, são associados a corpos celestes muito diferentes, chamados estrelas de nêutrons, estrelas que chegaram ao fim de suas vidas e podem esgotar sua energia em uma explosão conhecida como supernova.
Mas a estrela binária AR Scorpii (AR Sco) é um pulsar derivado de uma anã branca, o resto de uma estrela em rotação muito rápida, mas que não tem massa suficiente para colapsar em uma estrela de nêutrons.
O que torna esse pulsar de anã branca único é o diâmetro de cerca de 6.000 km da anã branca, tornando-o cerca de 300 vezes maior do que qualquer pulsar de estrela de nêutrons.
Essa anã branca dispara em direção à sua vizinha - uma anã vermelha - poderosos feixes de partículas elétricas e radiação, fazendo com que o sistema todo brilhe e esmaeça dramaticamente duas vezes a cada dois minutos, um comportamento parecido com um farol, típico dos pulsares.
Acelerador cósmico
A equipe do Observatório Astronômico Sul-Africano e da Universidade de Warwick (Reino Unido) propôs que a "chicotada" de energia que a AR Sco dispara é um feixe focalizado, emitindo radiação concentrada em uma única direção - como um acelerador de partículas -, algo que é único no Universo conhecido.
Esse feixe acelera os elétrons na atmosfera da anã vermelha até próximo da velocidade da luz, um efeito nunca observado antes em tipos semelhantes de estrelas binárias. Assim, a anã vermelha é literalmente alimentada pela energia cinética de sua vizinha de giro rápido.
A conclusão da equipe é que o sistema é dominado por emissões não-termais, uma característica dos pulsares. O feixe atinge níveis de polarização de até 40%, o que está entre os maiores níveis de polarização já detectados em objetos astronômicos.
O binário AR Sco está na constelação do Escorpião, a 380 anos-luz da Terra, um vizinho próximo em termos astronômicos. A anã branca é do tamanho da Terra, mas 200.000 vezes mais maciça, e orbita uma estrela fria, com um terço da massa do Sol, a cada 3,6 horas. O campo eletromagnético do sistema é 100 milhões de vezes mais forte do que o da Terra.