Redação do Site Inovação Tecnológica - 05/04/2022
Protoplaneta distante
Uma equipe internacional de astrônomos descobriu um planeta tão jovem que ele ainda não emergiu da nuvem de poeira onde ele está se formando.
A descoberta é importante porque, além de ser o protoplaneta mais jovem descoberto até hoje, sua localização e os padrões da nuvem de matéria onde ele está nascendo indicam um método de formação de planetas diferente daqueles que os astrônomos haviam imaginado até agora.
Esta rota alternativa vem a calhar porque pode explicar as histórias e as características dos exoplanetas extrassolares, ou exoplanetas, observados em torno de outras estrelas.
No modelo padrão de formação de planetas, um grande planeta gasoso, como Júpiter ou Saturno, começa como um núcleo rochoso em um disco protoplanetário em torno de uma estrela jovem. Este núcleo então acumula gás do disco, crescendo até formar um planeta gigante.
Só que este modelo funciona bem para os planetas do Sistema Solar, não conseguindo explicar exoplanetas descobertos em torno de outras estrelas a distâncias muito maiores do que a órbita de Netuno, o planeta mais externo do Sistema Solar.
Segundo as teorias, não se esperaria que núcleos rochosos se formassem tão longe da estrela central, então a acreção do núcleo não poderia levar à formação de planetas tão distantes. Os cientistas deram um jeitinho na teoria propondo que os planetas se formariam perto da estrela e, por algum motivo incerto e não sabido, se moveriam para longe dela depois de crescidos.
Teorias de formação dos planetas
Mas agora as coisas começaram a mudar, graças a um novo sistema de óptica adaptativa extrema, que permite que o Telescópio Subaru, no Japão, visualize diretamente objetos fracos perto de estrelas mais brilhantes.
As observações mostram o que parece ser um protoplaneta em processo de formação direta a uma distância de 93 unidades astronômicas da estrela AB Auriga - ou Cocheiro -, o que é mais de três vezes a distância entre o Sol e Netuno.
A análise deste possível planeta, denominado AB Auriga b, mostra que um modelo simples de luz estelar refletida por uma anomalia no disco não consegue explicar as observações, o mesmo acontecendo com um modelo de um planeta nu.
Os modelos teóricos que melhor se ajustam às observações indicam que AB Aur b é um protoplaneta tão jovem que ainda está se formando na poeira do disco protoplanetário. As estruturas espirais próximas no disco combinam com os modelos em que um planeta se forma diretamente do colapso gravitacional da matéria circundante.
Esta observação servirá não apenas para corrigir e melhorar os modelos atuais, como também sugere que as coisas nem sempre são tão simples quando pensávamos, e que provavelmente não existe uma única "receita de bolo" para planetas - e que as migrações inexplicáveis provavelmente não são necessárias.
"Este estudo lança uma nova luz sobre nossa compreensão das diferentes maneiras pelas quais os planetas se formam," disse Thayne Currie, responsável pela descoberta.