Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/03/2015
Fazendas de dados
Engenheiros alemães desenvolveram uma técnica que promete dobrar a velocidade de transmissão de dados dentro das centrais de dados, as gigantescas instalações onde empresas de internet e telecomunicações armazenam informações.
Nils Gerhardt e Martin Hofmann, da Universidade de Ruhr, descobriram como usar uma propriedade quântica da luz para romper com os limites atuais da transmissão de dados.
Hoje, a informação é transmitida dentro dessas "fazendas de dados" - também conhecidas como datacenters - por meio de cabos de fibra óptica.
Laser semicondutores geram pulsos de luz, nos quais a informação é codificada em pequenas alterações na intensidade da luz. Quanto mais rapidamente a intensidade da luz é variada, mais rápido a informação é transferida. Contudo, a velocidade máxima é limitada pelas leis fundamentais da física.
A dupla de pesquisadores então deixou de lado a modulação da intensidade da luz, e usou sua polarização.
Codificação de dados na polarização da luz
Na nova técnica, o laser emite luz com uma polarização circular bem definida, e os dados são codificados na alteração da direção dessa polarização. Ocorre que é possível alterar a polarização da luz muito mais rapidamente do que alterar sua intensidade.
Isto porque a modulação da intensidade da luz, feita por meio de uma corrente elétrica, é baseada no movimento de muitos elétrons, que não podem ser deslocados em qualquer velocidade que se deseje.
A mudança da polarização, por outro lado, baseia-se em uma propriedade quântica dos elétrons, sua rotação, ou spin, e o movimento de alguns poucos elétrons é suficiente para isso. Como, ao contrário das cargas elétricas, o spin não é uma qualidade que tende à estabilidade - o estado rapidamente se perde pelo chamado "relaxamento do spin" -, a alteração pode ser feita em 20 picossegundos.
Com base nos modelos teóricos, os pesquisadores acreditam que os lasers de spin poderão ser utilizados para atingir frequências superiores a 100 Gigahertz a temperatura ambiente. Como resultado, as velocidades de transferência de dados podem potencialmente ser duplicadas.