Redação do Site Inovação Tecnológica - 01/10/2018
Xilose e glicose
Químicos suíços desenvolveram um método que multiplica por várias vezes o rendimento dos açúcares das plantas, melhorando a produção dos biocombustíveis, produtos químicos e outros materiais derivados da biomassa.
A produção de combustíveis e produtos químicos a partir da biomassa (cana-de-açúcar, madeira, gramíneas etc.) envolve a decomposição - ou "desconstrução" - das plantas para produzir carboidratos, principalmente na forma de açúcares simples, como xilose e glicose.
Contudo, ainda que esses açúcares sejam valiosos, os atuais processos de desconstrução das plantas acabam por degradá-los.
Ydna Santiago, da Escola Politécnica Federal de Lausanne, desenvolveu um método químico que estabiliza os açúcares simples e impede que eles sejam degradados. Isto significa que os químicos não precisam mais equilibrar a decomposição vegetal, evitando a degradação do produto.
O novo método altera a suscetibilidade química dos açúcares à desidratação e à degradação acoplando aldeídos a eles. O processo é reversível, o que significa que os açúcares podem ser recuperados após a desconstrução.
De 16% para 90%
Santiago testou seu método em madeira. Primeiro, cavacos de faia foram transformados em polpa usando uma técnica de fabricação de papel chamada organosolv, que solubiliza a madeira em acetona ou etanol. Para travar os aldeídos nos açúcares, a polpa de madeira de faia foi misturada com formaldeído.
Isto permitiu recuperar mais de 90% do açúcar xilose, em oposição a apenas 16% de xilose sem formaldeído. Quando a polpa restante foi quebrada para glicose, o rendimento de carboidratos foi superior a 70%, em comparação com 28% sem formaldeído.
"Antes, as pessoas sempre procuravam sistemas caros que limitavam a degradação do açúcar. Com a estabilização, você se preocupa menos com essa degradação e isso o libera para desenvolver transformações das plantas mais baratas e mais rápidas, acelerando potencialmente o surgimento de produtos de consumo renováveis," disse o professor Jeremy Luterbacher.