Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/12/2015
Possivelmente sais
A equipe da missão Dawn, da NASA, apresentou a primeira teoria para tentar explicar os até agora inexplicáveis pontos brilhantes no planeta anão Ceres.
Nos primeiros dois artigos científicos relatando os resultados coletados pela sonda, publicados pela revista Nature, a equipe afirma que "os pontos brilhantes de Ceres são provavelmente sal".
Misturado com esse sal devem haver pedaços de rocha e água congelada. Quando a luz solar atinge a mistura, o gelo sublima-se e sobe na forma de uma neblina. Essa hipótese é baseada no estudo de duas crateras de Ceres onde aparecem os pontos mais brilhantes.
Mas os cientistas destacam que ainda não têm uma hipótese para a interligação entre sal, gelo e névoa. "Nós ainda não temos o quadro completo," reconheceu Andreas Nathues, do Instituto Max Planck, na Alemanha, e primeiro autor de um dos artigos.
Pontos brilhantes
A ideia é que Ceres deve ter uma estrutura em camadas, com um interior rico em sal e gelo, que emergem por algum processo criovulcânico ou similar - há indícios de vulcões de gelo em Plutão e em uma das luas de Saturno, Titã.
A sonda Dawn já mapeou pelo menos 130 pontos brilhantes, a maioria deles - mas não todos - dentro de crateras. Os dois mais brilhantes estão na cratera de Occator, com 90,5 km de diâmetro, e de Oxo, com 10 km de diâmetro. Enquanto a reflexividade da superfície de Ceres fica por volta de 9%, o centro desses pontos brilhante chega a refletir 60% da luz que incide sobre eles.
O que dificulta o trabalho da equipe é que a sonda Dawn só visualizou a névoa acima das crateras uma vez, e não conseguirá repetir a observação porque ela dependia de uma inclinação em relação à superfície do planeta anão que só foi possível quando a sonda se aproximava para entrar em órbita.
A hipótese é que a névoa se forma provavelmente quando a luz solar aquece a superfície, fazendo o gelo sublimar e carregando partículas de gelo e poeira para cima. Quando a superfície esfria, a sublimação cessa e a neblina desaparece.
Migração planetária
A sonda Dawn identificou também argilas (filossilicatos) ricas em amônia, o que foi descrito em um segundo artigo. A amônia é mais comum nas bordas externas e extremamente frias do Sistema Solar do que no cinturão de asteroides, onde está Ceres.
Por causa disso, a equipe levantou a hipótese de que Ceres pode ter-se formado lá pelas cercanias de Netuno e depois migrado para a zona mais interna do Sistema Solar onde se encontra agora.
Antes de chegar a Ceres, a sonda Dawn passou pelo asteroide Vesta, onde ficou entre 2011 e 2012.