Redação do Site Inovação Tecnológica - 26/10/2021
Plástico inspirado no RNA
Os plásticos biodegradáveis têm decepcionado em sua promessa de livrar o mundo de um dos resíduos mais danosos e resistentes produzidos pelo homem.
Particularmente, o promissor polímero biodegradável polilactida (PLA) mostrou poucos sinais de degradação na água do mar, que é onde parece que a maioria dos plásticos vai parar.
A boa notícia é que Timo Rheinberger e seus colegas da Universidade de Twente, nos Países Baixos, podem ter achado a solução para reabilitar o PLA.
Sabendo o que faz com que a água destrua rapidamente as moléculas biológicas de RNA (ácido ribonucleico), Rheinberger desenvolveu uma técnica para inserir nas longas moléculas de polilactida partes sintéticas similares a esses "pontos de ruptura" do RNA.
Quando esses pontos de quebra foram inseridos de forma a compor 15% do plástico, o PLA se decompôs completamente na água do mar após apenas duas semanas.
Polilactida
A água pode quebrar facilmente as moléculas de RNA graças a um processo chamado transesterificação. Então, inspirando-se neste processo, a equipe introduziu grupos químicos no PLA para facilitar sua quebra.
Os pontos sensíveis à transesterificação são introduzidos durante a síntese do PLA.
A equipe criou diferentes versões do PLA contendo pontos de ruptura inspirados no DNA para representar de 3 a 15% dos polímeros finais. Nos testes, eles imergiram filmes dos novos PLAs em água do mar artificial e mediram a mudança no peso dos filmes e a liberação de ácido lático, um produto da degradação do PLA.
O polímero com a maior concentração de pontos de quebra, 15%, se decompôs completamente em ácido lático após duas semanas. Polímeros com concentrações mais baixas demoraram mais, com as extrapolações mostrando que, com 3%, o material poderá durar por vários anos, mas finalmente irá se degradar, ao contrário do material produzido hoje.
E as aplicações potenciais da técnica não se limitam ao PLA, de acordo com os pesquisadores: Segundo eles, adicionar pontos de ruptura pode acelerar a decomposição de outros polímeros plásticos e se tornar uma estratégia-chave para evitar mais poluição marinha.