Redação do Site Inovação Tecnológica - 03/12/2019
Sol negro
Com os milhares de exoplanetas agora conhecidos, parece difícil de acreditar que faz pouco mais de 20 anos que os cientistas finalmente aceitaram a ideia de que planetas não são uma exclusividade do nosso Sol.
Isso pode ter ajudado a torná-los mais receptivos para aceitar outra ideia bem menos óbvia, a de que podem existir planetas em órbita de buracos negros.
De acordo com as teorias mais aceitas, os planetas são formados a partir de agregados de poeira, o chamado disco protoplanetário, formado pelo que resta do material que serviu para a formação de uma estrela que acabou de nascer.
Mas estrelas jovens não são os únicos objetos celestes que possuem discos de poeira. Os equipamentos de observação mais modernos estão permitindo flagrar discos de matéria bem mais densos em torno de buracos negros supermassivos, nos núcleos das galáxias.
Logo, planetas também podem se formar nesses lugares tão inóspitos.
"Nossos cálculos mostram que dezenas de milhares de planetas, com 10 vezes a massa da Terra, poderiam se formar a cerca de 10 anos-luz de um buraco negro," disse Eiichiro Kokubo, professor do Observatório Astronômico Nacional do Japão. "Em torno dos buracos negros podem existir sistemas planetários de escala surpreendente".
Discos circunucleares
Alguns buracos negros supermassivos têm grandes quantidades de matéria ao seu redor na forma de um disco pesado e denso. Um disco assim pode conter até cem mil vezes a massa do Sol na forma de pó - isso é um bilhão de vezes a massa de poeira de um disco protoplanetário.
Segundo as teorias, em uma região de baixa temperatura de um disco protoplanetário, grãos de poeira recobertos de gelo podem se unir e evoluir para agregados porosos, que vão crescendo até eventualmente formar um planeta.
Um disco de poeira em torno de um buraco negro é tão denso que a intensa radiação da região central da galáxia é bloqueada, criando regiões de baixa temperatura, também adequadas para o surgimento de partículas de poeira recobertas de gelo.
Os pesquisadores aplicaram a teoria da formação de planetas aos discos circunucleares e chegaram à conclusão de que planetas poderiam ser formados ao longo de várias centenas de milhões de anos.
Atualmente não existem técnicas para detectar esses exoplanetas em torno de buracos negros. No entanto, os pesquisadores esperam que este estudo abra um novo campo na astronomia para pesquisá-los no futuro.