Redação do Site Inovação Tecnológica - 05/11/2020
Planeta infernal
Já conhecíamos um planeta onde chove ferro derretido, mas os astrônomos acabam de encontrar indícios do que eles chamam de um "verdadeiro planeta infernal".
Usando observações e modelagens computacionais, eles calculam que o exoplaneta K2-141b tenha evaporação e chuva de rochas derretidas, um oceano de magma com 100 quilômetros de profundidade e ventos de até 5.000 km/h varrendo continuando sua atmosfera.
Enfim, embora tenha o tamanho aproximado da Terra, o K2-141b não é o que se costuma chamar convencionalmente de "planeta rochoso" - tudo nele, sua superfície, seus oceanos e sua atmosfera têm um só ingrediente: rochas, e rochas derretidas.
A razão é que o exoplaneta, embora pequeno, circula muito próximo de sua estrela. Essa proximidade mantém o exoplaneta gravitacionalmente travado no lugar, o que significa que o mesmo lado sempre está voltado para a estrela.
Mas, se o lado claro é um "verdadeiro inferno", com seus estimados 3.000 ºC, o lado escuro tampouco se parece com um céu, estando sujeito a temperaturas abaixo dos -200º C.
Atmosfera quente
O lado voltado para a estrela é tão quente que é capaz não apenas de derreter as rochas, mas de fazê-las vaporizar, criando uma espécie de "atmosfera", que se estende acima do oceano de magma. É essa atmosfera que permitiu que os astrônomos observassem tantos detalhes do exoplaneta.
E a atmosfera de vapor de rocha criada pelo calor extremo é suficiente para causar precipitação. Assim como o ciclo da água na Terra, onde a água evapora, sobe para a atmosfera, se condensa e cai de volta como chuva, o mesmo acontece com o sódio, o monóxido de silício e o dióxido de silício no K2-141b.
Na Terra, a chuva retorna aos oceanos, onde mais uma vez evapora e o ciclo da água se repete. No K2-141b, o vapor mineral formado pela rocha evaporada é levado para o lado noturno gelado por ventos supersônicos, onde as rochas "chovem" de volta para o oceano de magma. As correntes resultantes fluem de volta para o lado diurno quente do exoplaneta, onde a rocha evapora mais uma vez. A diferença é que o ciclo é bem mais lento do que o ciclo da água na Terra.