Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/11/2016
Criação e Destruição
Com o auxílio do instrumento MUSE montado no telescópio VLT, no Chile, foram feitas novas observações de enormes estruturas em forma de pilares no coração da Nebulosa Carina.
O grande poder do MUSE é ser capaz de criar milhares de imagens da nebulosa ao mesmo tempo, cada uma em um diferente comprimento de onda. Isto permite aos astrônomos mapear propriedades químicas e físicas do material em diferentes pontos da nebulosa.
Imagens de estruturas semelhantes, os famosos Pilares da Criação, na Nebulosa da Águia e formações em NGC 3603, foram combinadas com as novas imagens. No total, foram observados dez pilares, tendo-se detectado uma ligação clara entre a radiação emitida por estrelas massivas próximas e as estruturas dos pilares propriamente ditos.
O que ficou claro é que os diferentes pilares analisados agora parecem ser pilares de destruição.
As estruturas da Nebulosa Carina consistem em vastas nuvens de gás e poeira situadas no coração desta região de formação estelar, a cerca de 7.500 anos-luz de distância da Terra.
Fotoevaporação
Um aspecto irônico do nascimento de uma estrela é que uma das primeiras consequências da formação de uma estrela massiva é que o novo astro começa a destruir a nuvem a partir da qual se formou.
A ideia de que estrelas massivas têm um efeito considerável no meio que as rodeia não é nova: sabe-se que tais estrelas emitem enormes quantidades de radiação ionizante - emissão esta com energia suficiente para arrancar dos átomos seus elétrons em órbita. No entanto, é muito difícil obter evidências observacionais da interação entre estas estrelas e o meio que as envolve.
A equipe analisou o efeito desta radiação energética nos pilares: um processo conhecido por fotoevaporação, que ocorre quando o gás é ionizado e se dispersa. Ao observar os resultados da fotoevaporação - que incluiu a perda de massa dos pilares - a equipe conseguiu encontrar os culpados. Existe uma correlação clara entre a quantidade de radiação ionizante emitida pelas estrelas próximas e a dissipação dos pilares.
Este fato pode parecer uma calamidade cósmica, com as estrelas massivas "atacando" os seus progenitores. No entanto, a complexidade dos mecanismos de feedback entre as estrelas e os pilares não é bem conhecida. Os pilares podem parecer densos, mas as nuvens de poeira e gás que compõem as nebulosas são na realidade muito difusas. É possível que a radiação e os ventos estelares das estrelas massivas ajudem efetivamente a criar "caroços" mais densos no interior dos pilares, os quais podem posteriormente dar origem a estrelas.