Com informações da Agência Brasil - 19/02/2019
Células solares de imprimir
A Petrobras poderá entrar no mercado de produção e comercialização de uma nova geração de painéis solares flexíveis. Em lugar dos semicondutores tradicionais, as células solares são fabricadas na forma de "tintas" à base de carbono - por isso chamadas de eletrônica orgânica.
Para isso, a empresa firmou um convênio com o Centro Suíço de Tecnologia e Microtecnologia Brasil (CSEM Brasil), sediado em Minas Gerais, objetivando o desenvolvimento de um composto químico para produção das células fotovoltaicas impressas em substratos flexíveis, que podem então ser aplicadas a qualquer superfície.
"Os painéis fotovoltaicos flexíveis são uma solução tecnológica interessante para o futuro da energia," disse o Oscar Chamberlain, do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), acrescentando que esses painéis são uma nova forma de produção de energia elétrica através da fonte solar e apresentam vantagens, por exemplo, porque são feitos de um material flexível e transparente, que pode ser usado na própria roupa, no celular, no carro ou na fachada de prédios.
Os investimentos são de R$ 23,77 milhões ao longo de dois anos e meio.
Perovskita
Chamberlain entende que o CSEM Brasil avançou nessa área e alcançou uma escala que permite desenvolver e produzir painéis flexíveis quase de uso industrial. O interesse da Petrobras é trabalhar no desenvolvimento conjunto de um novo componente desses painéis.
"A Petrobras quer trabalhar com uma nova estrutura cristalina, que é a perovskita, que pode aumentar sensivelmente a capacidade de absorção e transformação em energia elétrica da emissão solar," destacou Chamberlain. Isso está sendo desenvolvido tanto para painéis solares rígidos quanto para painéis flexíveis.
Filmes com perovskita solar em escala de laboratório podem atingir, ou mesmo ultrapassar, a eficiência dos atuais painéis solares rígidos de silício, com menores custos de produção.
Parcerias
Os componentes químicos que vão ser depositados nos filmes de polímero serão testados e desenvolvidos no CSEM, podendo evoluir para outras escalas. A Petrobras espera ter os primeiros resultados das pesquisas já no primeiro ano do termo de cooperação. Os filmes obtidos serão produzidos e comparados com os compostos comerciais disponíveis no momento.
O gerente-geral do Cenpes informou que a Petrobras vai buscar parceria com universidades e institutos de pesquisa do Brasil e do exterior para o desenvolvimento das células solares de perovskita, como faz habitualmente em outros projetos, atuando junto com 120 universidades do Brasil.
Ele anunciou também que a companhia tem projetos para entrar gradualmente no mercado de geração solar distribuída: "Não é só produção de energia para consumo interno. Dentro da missão de ser uma empresa integrada de energia, a Petrobras quer trabalhar também uma opção de mercado".