Redação do Site Inovação Tecnológica - 25/01/2019
Biomimetismo
As estruturas que unem as farpas das penas das aves estão fornecendo um modelo para novos adesivos e novos materiais aeroespaciais com promessas de superar largamente todas as opções atualmente no mercado.
Tarah Sullivan e seus colegas da Universidade da Califórnia em San Diego demonstraram isto ao criar reproduções dessas bioestruturas usando uma impressora 3D.
Primeiro a pesquisadora fez observações sistemáticas das penas de várias espécies de pássaros, usando um microscópio para registrar todos os detalhes das conexões que permitem que a pena abra-se, separando suas barbas, para depois fechar-se perfeitamente, sem exigir o aperto cuidadoso de um Velcro, por exemplo.
A seguir, ela reproduziu as estruturas da raque (o eixo central da pena), das barbas (os fiapos que saem da raque) e, finalmente, das bárbulas, estruturas minúsculas que projetam-se a partir de cada barba.
Isso permitiu entender as propriedades estruturais das penas, por exemplo, como o lado de baixo de uma pena pode capturar o ar para prover sustentação, enquanto a parte de cima pode bloquear o ar quando é necessário deixar a gravidade assumir o controle.
Tarah constatou que as bárbulas ficam espaçadas de 8 a 16 micrômetros umas das outras em todas as aves, do beija-flor ao condor, sugerindo que o espaçamento é uma propriedade importante para o voo.
Para confirmar isso, ela construiu vários protótipos. "Acreditamos que essas estruturas podem servir de inspiração para um adesivo unidirecional interligado ou um material com permeabilidade direcionalmente adaptada," afirmou.
Alometria e isometria
E, se for preciso usar um suporte para fixar as estruturas biomiméticas, a pesquisadora já tem uma solução. Ela estudou também os ossos das aves, descobrindo que o úmero, o osso longo das asas, é proporcionalmente maior do que se esperava. Usando equações da mecânica, ela conseguiu mostrar que isso acontece porque, como a força dos ossos das aves é limitada, ela não pode aumentar proporcionalmente com o peso da ave. Em vez disso, o osso precisa crescer mais rápido e ser maior para ser forte o suficiente para suportar as forças a que estará sujeito em voo.
Isso é conhecido como alometria - o crescimento de certas partes do corpo em taxas diferentes do corpo como um todo. O cérebro humano é alométrico: nas crianças, ele cresce muito mais rápido do que o resto do corpo. Por outro lado, o coração humano cresce proporcionalmente ao resto do corpo, o que é chamado de isometria.