Redação do Site Inovação Tecnológica - 08/09/2020
Tinta de madeira
A impressão 3D começou usando polímeros, mas rapidamente passou a permitir a fabricação de produtos de metais, cimento, cerâmica e até vidro.
A próxima onda promete ser a impressão de produtos à base de madeira.
E tudo graças aos esforços de uma equipe do Laboratório Federal Suíço de Ciência e Tecnologia dos Materiais (EMPA), do qual participa o professor brasileiro Gilberto Siqueira.
Gilberto e sua equipe vêm trabalhando em uma tinta de madeira para impressoras 3D há alguns anos.
Agora eles acreditam ter chegado em uma receita prática e passível de industrialização: a tinta de madeira consiste em uma pasta de origem biológica que é fácil de processar, solidifica-se rapidamente e permite construir estruturas complexas em 3D.
O material sintético biodegradável à base de madeira pode ser usado não apenas para fabricar objetos do dia a dia, mas até mesmo em construções leves, garante a equipe.
Impressão 3D de madeira
A pasta de madeira, que funciona como "tinta" na impressora, é feita a partir de uma mistura de lignina, a cola que garante que as longas fibrilas de celulose fiquem estáveis e não se dobrem, e cristais líquidos feitos à base da própria celulose, o polímero natural que reforça as células vegetais.
Os cristais líquidos de celulose garantem não apenas a resistência, mas também as boas propriedades de fluxo da biopasta. Já a lignina adere à microestrutura no processo de criação do material biossintético, permitindo, por exemplo, que o material possa responder de forma mais rígida ou mais flexível, dependendo da direção de onde vem a força.
Até agora a equipe trabalhou apenas com lignina extremamente pura, mas eles já estão começando a analisar o material descartado como rejeito pela indústria - a lignina é tipicamente vista como indesejável no processo de fabricação de papel.