Com informações da New Scientist - 12/12/2016
Poeira das estrelas
Há muito tempo se sabe que a poeira cósmica desce atmosfera abaixo, não necessariamente se queimando na entrada como ocorre com os pedregulhos maiores - ou mesmo sendo resultado da explosão desses corpos maiores.
O grande problema é separar a poeira cósmica da poeira terrestre. Até agora, os cientistas têm feito isto na Antártica, onde a atmosfera é mais limpa e os grãos são conservados intactos no gelo há centenas ou milhares de anos.
Agora, pela primeira vez, uma equipe do Imperial College de Londres demonstrou que é possível identificar e separar a poeira cósmica até mesmo nos telhados das casas das grandes cidades - eles demonstraram sua técnica em Paris (França), Berlim (Alemanha) e Oslo (Noruega).
"A vantagem óbvia para esta nova abordagem é que é muito mais fácil rastrear a origem das partículas cósmicas se elas estiverem em nosso quintal," disse o pesquisador Matthew Genge.
Poeira cósmica veloz
A técnica mostrou também outra vantagem inesperada: as partículas cósmicas encontradas são bem maiores do que as coletadas até agora na Antártica.
Enquanto a poeira incrustada no gelo antártico tem grãos na faixa de 0,01 milímetro, a poeira cósmica urbana tem grãos na faixa de 0,3 milímetro. Elas também apresentam uma cristalização diferente das partículas muito mais antigas da Antártica.
As diferenças podem estar ligadas a mudanças nas órbitas da Terra e de Marte, por exemplo, ao longo de milhões de anos, especula Genge. Distúrbios gravitacionais resultantes dessas mudanças podem ter influenciado a trajetória das partículas à medida que elas avançavam pelo espaço, o que pode ter gerado um efeito sobre a velocidade com que elas atingem a atmosfera da Terra.
"Esta descoberta é importante porque, como analisamos a poeira cósmica fóssil coletada de rochas antigas para reconstruir uma história geológica do nosso Sistema Solar, então precisamos entender como essa poeira é alterada pela atração contínua dos planetas," disse ele.
A análise da cristalização exterior das partículas mostrou que elas devem ter entrado na atmosfera terrestre a uma velocidade de 12 km/s, o que torna a poeira cósmica urbana as partículas mais velozes já encontradas na Terra.