Redação do Site Inovação Tecnológica - 06/04/2022
Papel reutilizável
Cientistas de Cingapura desenvolveram um papel à base de pólen que, depois de ser impresso, pode ser apagado e reutilizado várias vezes sem danificar o papel.
Toda a matéria-prima usada na fabricação é de origem vegetal, e a equipe garante que o papel de pólen é não-alergênico.
Ze Zhao e seus colegas da Universidade Tecnológica de Nanyang demonstraram a versatilidade da sua criação imprimindo imagens coloridas de alta resolução, usando uma impressora a laser comum.
Para reutilizá-lo, em vez de usar uma borracha para apagar o que esta desenhado ou impresso, o papel é literalmente lavado em uma solução alcalina, deixando os resquícios de tinta boiando e sendo retirado completamente limpo. Basta então esperar que ele seque e colocá-lo na impressora novamente.
A equipe demonstrou que o processo de impressão e apagamento pode ser repetido até oito vezes sem danificar o papel de pólen.
"Esta é uma nova abordagem para a reciclagem de papel - não apenas fabricando papel de forma mais sustentável, mas também prolongando a vida útil do papel para que possamos obter o máximo valor de cada pedaço de papel que produzimos. Os conceitos estabelecidos aqui, com desenvolvimentos adicionais na fabricação escalonável, podem ser adaptados e estendidos para produzir outros produtos baseados em 'papéis diretamente imprimíveis', como caixas e contêineres de armazenamento e remessa," disse o professor Subra Suresh, coordenador da equipe.
Papel mais sustentável
O papel convencional é feito de fibras de celulose de madeira, e o processo de fabricação de papel envolve etapas de uso intensivo de energia que, naturalmente, exigem o corte das árvores.
Os grãos de pólen, por sua vez, defende a equipe, são produzidos regularmente e em grande quantidade na reprodução das plantas, viabilizando uma colheita e a fabricação do papel sem o corte das plantas.
O processo de fabricação do papel à base de pólen é bastante semelhante à fabricação de sabão, que é muito mais simples e consome menos energia do que a indústria do papel atual.
Usando hidróxido de potássio, Ze Zhao primeiro removeu os componentes celulares encapsulados nos grãos de pólen de girassol e os transformou em partículas macias com a textura de um gel. Esta etapa também remove o componente do pólen que causa alergias.
A seguir foi utilizada água deionizada para remover quaisquer partículas de pólen restantes. Um tratamento final consiste em mergulhar o papel em ácido acético, o componente ativo do vinagre, para estabilizá-lo, tornando-o insensível à umidade durante o uso normal, evitando o enrugamento.
Basta então colocar o gel em um molde e esperar que ele seque exposto ao ar ambiente. O resultado é uma folha de papel com cerca de 0,03 mm de espessura, o que é cerca de dez vezes mais fino do que uma folha de papel A4 comum.
Papel de pólen
O papel pode ser impresso usando técnicas comuns de impressão.
Para demonstrar o apagamento, a equipe esfregou suavemente o papel em um reagente alcalino comum de laboratório por dois minutos. O papel de pólen incha quando imerso na solução alcalina, fazendo com que a camada de toner se desintegre mecanicamente e se separe do papel.
Esse processo de "desimpressão" faz o papel inchar. Por isso, ele deve ser deixado para encolher em etanol por cinco minutos e então seco ao ar. Depois de tratado novamente com ácido acético, o papel está pronto para receber outra impressão.
E isso é bem mais simples do que outras técnicas de desimpressão já demonstradas, que envolvem o uso de produtos químicos (clorofórmio ou acetona) para enfraquecer a ligação entre o toner e o papel, ou o uso de luz de alta intensidade para remover o toner do papel impresso. Ambas as etapas podem danificar a integridade física do papel, tornando-o impróprio para reimpressão, impedindo uma garantia de reaproveitamento.
Além do pólen de girassol, a equipe descobriu que grãos de pólen de camélia e de lótus também podem ser usados para produzir um material semelhante ao papel. Assim, vários tipos de pólen podem ser usados para criar alternativas ao papel convencional.