Com informações da Agência Brasil - 08/06/2015
TV digital
A cinco meses do início do processo de desligamento das transmissões analógicas de TV em canal aberto, no Brasil, o presidente da Abratel (Associação Brasileira de Rádio e Televisão), Luiz Cláudio Costa, afirmou que o país ainda não está preparado para o fim dessas transmissões para implementação da TV digital.
Durante audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado, realizada para tratar da transição do sistema analógico para a TV digital, Costa alertou que grande parcela da população ainda não tem os equipamentos necessários para acesso à TV digital.
Para ele, o desligamento do sinal analógico, seguindo o atual cronograma - que terá início este ano e vai até 2018 - pode provocar o "desligamento da TV aberta no país".
"Há cerca de dois anos, cada vez que chegava à sala de espera do Ministério das Comunicações ficava ruborizado porque a TV era de tubo. Se lá ainda tem teve assim, imagina na casa de milhares de brasileiros," exemplificou.
"Hoje, muita gente que está entre o [programa] Bolsa Família e a classe média ainda não tem noção do que é uma televisão de alta definição. Por culpa nossa [radiodifusores], que temos falhado em divulgar. Precisamos divulgar mais que basta que se tenha uma antena, de preferência externa, que a pessoa vai ter uma TV de alta definição. O que nos preocupa é que mais da metade da população ainda têm TV de tubo", disse o presidente da Abratel.
Os beneficiários do Bolsa Família receberão gratuitamente os conversores da TV digital, mas uma parcela de população com renda intermediária não tem condições financeiras para comprar o equipamento e terá dificuldade para ter acesso à TV digital.
Para Costa, nem mesmo as indústrias teriam condições de atender à demanda de toda a população.
"Hoje, se todas as empresas fossem ao mercado para comprar equipamentos, a indústria não teria como atender à demanda. É preciso garantir que 100% população tenha uma TV em casa, aberta, gratuita, livre e democrática. Se as famílias tiverem condições de ter outra TV digital [paga], ótimo. Mas temos que dar condição para que todos tenham televisão gratuita e de boa qualidade, e para isso temos que fazer mais", disse o presidente da Abratel.
Contraponto
Já o conselheiro da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Rodrigo Zerbone Loureiro, rebateu o posicionamento do presidente da Abratel, e enfatizou, na mesma audiência, que não haverá "apagão" da TV aberta, por causa da transição.
Ele disse que o cronograma de início da transição do sinal analógico para o digital está mantido para o próximo mês de novembro, nas localidades em que pelo menos 93% das residências tenham acesso ao sinal digital, com consequente desligamento da TV analógica.
Mas o executivo da Anatel reconhece que uma parte da população poderá ficar sem o sinal da TV aberta gratuita, afirmando que "não existe possibilidade de ter apagão ou de muitas pessoas ficarem sem acesso à TV digital."
Desligamento da TV analógica
A partir de novembro deste ano será iniciado, no município de Rio Verde, em Goiás, o desligamento do sinal analógico para os canais abertos.
A partir de abril do ano que vem, o procedimento será feito no Distrito Federal e em mais 11 cidades do entorno da capital do país.
Com o desligamento da TV analógica, a programação aberta ficará disponível apenas em formato digital, o que vai melhorar a qualidade de som e imagem da programação.
Mas, para ter acesso à TV digital, é necessário ter um aparelho de TV com a tecnologia digital, ou comprar um conversor e instalar uma antena adequada.