Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/11/2011
Ouro dos sábios
A pirita é conhecida como "ouro de tolo" por muito boas razões - apesar de parecer ouro, ela não passa de um sulfeto de ferro.
Mas agora os não tão ingênuos "garimpeiros de novos materiais" podem ser os últimos a dar suas risadas, sobretudo porque eles estão interessados em uma riqueza renovável.
E a pirita pode ser a fonte para uma nova geração de células solares, muito mais baratas de se fabricar.
As células solares hoje são caras porque são difíceis de fabricar e usam matérias-primas caras. Já a pirita é barata e ambientalmente benigna.
Pirita grau solar
A pirita tem uma capacidade enorme para absorver energia solar, além de poder ser fabricada em películas 2.000 vezes mais finas do que as películas de silício.
No entanto, ela não converte a energia que absorve em eletricidade.
"Nós sabemos há muito tempo que a pirita tem propriedades interessantes para a energia solar, mas acontece que, na prática, ela não funciona. E nós sabemos realmente por que," conta Douglas Keszler, da Universidade do Estado de Oregon, nos Estados Unidos.
Ou, pelo menos, não sabiam.
Keszler e seus colegas acabam de descobrir que isso acontece porque o calor gerado pela grande absorção de energia solar faz com que a pirita comece a se degradar, formando compostos que impedem a geração da eletricidade.
Quase de graça
Também enganados pelo ouro de tolo, os cientistas então começaram a garimpar materiais que imitem a pirita - se possível, com suas vantagens e sem suas desvantagens.
Eles descobriram que o sulfeto de ferro-silício (Fe2SiS4) é o candidato ideal.
"O ferro é um dos elementos mais baratos para se extrair, o silício é o segundo, e o enxofre é virtualmente grátis," entusiasma-se o pesquisador. "Esses compostos são estáveis, seguros e não se decompõem. Não há nada aqui que possa acabar com a festa da criação de uma nova classe de materiais para células solares".
A pesquisa ainda não está finalizada, e os cientistas afirmam que poderão encontrar compostos similares - o germânio é uma das opções, uma vez que ele pode entrar no composto em substituição ao silício, criando um Fe2GeS4.
Agora a tarefa está a cargo da engenharia, que deverá construir as primeiras células solares com o novo material e confirmar se ele justifica todo o entusiasmo inicial - ou se não se transformará em uma pirita dos tolos.