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Meio ambiente

Ouro do lixo eletrônico é recuperado com esponja derivada do leite

Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/03/2024

Ouro do lixo eletrônico é recuperado com esponja derivada do leite
Pepitas de ouro obtida de placas-mãe de computadores - a maior delas tem cerca de cinco milímetros de largura.
[Imagem: Alan Kovacevic/ETH Zurich]

Transformando lixo em ouro

Se não realizamos o sonho dos alquimistas, de transformar chumbo em ouro, ao menos agora já conseguimos transformar lixo em ouro.

Mohammad Peydayesh e colegas do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique desenvolveram uma técnica para retirar o ouro presente no lixo eletrônico - os contatos dos processadores e das memórias, por exemplo, são recobertos com ouro.

O lixo eletrônico contém uma variedade de metais valiosos, incluindo alumínio, cobre, cobalto, prata e algumas quantidades interessantes de ouro. Contudo, os métodos de recuperação concebidos até hoje consomem muita energia, frequentemente requerem a utilização de produtos químicos altamente tóxicos, e não conseguem recuperar todo o ouro.

Já o método desenvolvido agora é muito eficiente, de baixo custo e, acima de tudo, muito mais sustentável: O ouro é retirado do lixo eletrônico usando uma esponja feita de matriz proteica.

Para fabricar a esponja, Peydayesh desnaturou proteínas de soro de leite sob condições ácidas e altas temperaturas, de modo que elas se agregaram em nanofibrilas de proteínas, formando um gel. Depois de seco o gel, a esponja foi feita com essas fibrilas de proteínas.

Ouro do lixo eletrônico é recuperado com esponja derivada do leite
Como o ouro é recuperado: Os íons de ouro aderem à esponja de fibrilas proteicas.
[Imagem: Peydayesh et al. - 10.1002/adma.202310642]

Recuperação de ouro do lixo eletrônico

Para recuperar ouro em sua demonstração em escala de laboratório, Peydayesh recolheu 20 placas-mãe de computadores antigos, extraiu as peças metálicas da matriz fenólica (a placa propriamente dita) e dissolveu essas partes metálicas em banho ácido, para ionizar os metais.

Bastou então colocar a esponja de fibra proteica na solução de íons metálicos que os íons de ouro aderiram às fibras proteicas. Outros íons metálicos também aderem às fibras, mas os íons de ouro fazem isso com muito mais eficiência.

Como nesse caso o que interessava era a "sujeira", era necessário lavar a bucha. O processo também é simples, bastando aquecer a esponja, o que reduziu os íons de ouro a flocos, que foram derretidos para formar uma pepita de ouro.

As 20 placas-mãe de computadores renderam uma pepita de cerca de 450 miligramas, com 91% de ouro (o restante era cobre), o que corresponde a 22 quilates.

A nova tecnologia é comercialmente viável, com os custos de aquisição das matérias-primas somados aos custos energéticos de todo o processo sendo cerca de 50 vezes menores do que o valor do ouro recuperado. Agora a equipe pretende passar o processo da escala de laboratório para a escala industrial.

Bibliografia:

Artigo: Gold Recovery from E-Waste by Food-Waste Amyloid Aerogels
Autores: Mohammad Peydayesh, Enrico Boschi, Felix Donat, Raffaele Mezzenga
Revista: Advanced Materials
DOI: 10.1002/adma.202310642
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