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Brasileiro contribui para descoberta de órbitas inclinadas de exoplanetas

MCT - 28/05/2010


Métodos desenvolvidos por Eder Martioli, doutorando do curso de pós-graduação em Astrofísica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), contribuíram para identificar dois planetas que orbitam a mesma estrela mas com inclinações diferentes.

A descoberta do grupo de pesquisa do Observatório McDonald da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, foi publicada na versão online do Astrophysical Journal.

Inclinação das órbitas

A tese de doutorado de Martioli consiste no desenvolvimento de técnicas para medir a inclinação orbital e a massa de candidatos a exoplanetas, ou seja, planetas em órbita de outra estrela que não seja o Sol.

Ele passou um ano na Universidade do Texas, entre 2007 e 2008, aprendendo novas técnicas e contribuindo com o desenvolvimento dos métodos para a análise dos resultados das pesquisas do grupo americano.

"Pela primeira vez se mediram as inclinações das órbitas de dois exoplanetas de um mesmo sistema planetário. Esse sistema, chamado Upsilon Andromedae, tem três planetas detectados, sendo que, surpreendentemente, dois deles têm órbitas não alinhadas. Essas medidas foram realizadas com a mesma técnica descrita em minha tese", informa Martioli.

Evolução dos planetas

A descoberta sobre o sistema Upsilon Andromedae deve influenciar os estudos sobre a evolução dos sistemas compostos por vários planetas, ao mostrar que nem sempre todos eles orbitam a estrela num mesmo plano.

O desalinhamento destes exoplanetas sugere ainda que eventos violentos podem perturbar órbitas mesmo depois de o sistema planetário estar formado.

O estudo foi baseado nos dados obtidos pelo telescópio espacial Hubble, telescópio Hobby-Eberly e outros baseados no solo, combinados com modelos teóricos.

Recentemente, um outro estudo também lançou questionamentos sobre a atual teoria de formação planetária ao descobrir planetas que giram ao contrário.

Expulsão do planeta

Há mais de 10 anos que os astrônomos sabem que três planetas do tamanho de Júpiter orbitam a estrela Upsilon Andromedae, semelhante ao Sol e a 44 anos-luz da Terra. Ela é um pouco mais jovem, brilhante e tem mais massa que o Sol.

O grupo de pesquisadores determinou a massa de dois dos planetas, Upsilon Andromedae C e D, e descobriu que não estão no mesmo plano. O estudo mostra que suas órbitas estão inclinadas em 30º em relação uma à outra. A equipe descobriu ainda um quarto planeta, muito mais distante da estrela.

O estudo aponta que diversos cenários gravitacionais poderiam ter causado a inclinação notável em Upsilon Andromedae, incluindo interações durante a migração de um planeta para mais perto da estrela, perturbações causadas por uma outra estrela ou a expulsão de um planeta para fora do sistema.

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