Redação do Site Inovação Tecnológica - 26/01/2022
Brilho de rádio
Astrônomos descobriram um corpo celeste que não se parece com nada conhecido.
A cada 18 minutos, ele libera uma descarga gigantesca de energia que o torna o objeto mais brilhante do céu no espectro de ondas de rádio - e permanece emitindo por até um minuto.
"Isso é completamente inesperado. Foi meio assustador para um astrônomo porque não há nada conhecido no céu que faça isso. E ele está realmente muito perto de nós - cerca de 4.000 anos-luz de distância. Está em nosso quintal galáctico," disse Natasha Walker, da Universidade Curtain, na Austrália.
O objeto foi descoberto por um aluno de Walker, o estudante Tyrone O'Doherty, usando o radiotelescópio MWA (Murchison Widefield Array), também na Austrália.
"É emocionante que a fonte que identifiquei no ano passado tenha se tornado um objeto tão peculiar," disse O'Doherty. "O amplo campo de visão e a extrema sensibilidade do MWA são perfeitos para pesquisar todo o céu e detectar o inesperado."
Magnetar de período ultralongo
Objetos que acendem e apagam no céu não são uma novidade para os astrônomos - eles os chamam de transientes, ou transitórios.
Acontece que, até agora, eles pareciam existir apenas nas extremidades de um espectro de velocidade: Transientes lentos, como as supernovas, podem aparecer ao longo de alguns dias e desaparecer após alguns meses; já os transientes rápidos, como os pulsares, acendem e apagam em milissegundos ou segundos.
Mas este objeto fica brilhante por períodos entre 30 e 60 segundos, um padrão que se repete a cada 18,18 segundos.
Ele é incrivelmente brilhante, ligeiramente menor do que o Sol e emite ondas de rádio altamente polarizadas, sugerindo que o objeto tem um campo magnético extremamente forte.
Isso levanta a hipótese de que pode se tratar de um "magnetar de período ultralongo". "É um tipo de estrela de nêutrons girando lentamente, que as teorias já previam existir. Mas ninguém esperava detectar diretamente um como este porque não esperávamos que fossem tão brilhantes. De alguma forma, ele está convertendo energia magnética em ondas de rádio de forma muito mais eficaz do que qualquer coisa que já vimos antes," disse a professora Walker.