Com informações da Agência USP - 14/01/2011
Engrenagens da Terra
Para divulgar a geofísica e torná-la mais próxima da sociedade, o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosférica (IAG) da USP criou o Espaço Geofísica, situado no Parque de Ciência e Tecnologia (Cientec) da USP.
No local são promovidas atividades que se propõem a mostrar como funcionam as "engrenagens da Terra", voltadas principalmente para estudantes a partir do quinto ano do ensino fundamental.
O Espaço possui aparelhos reais utilizados no exercício da geofísica, como um sismógrafo (instrumento que detecta e registra tremores de terra) e um magnetômetro (que mede a intensidade, sentido e direção de campos magnéticos).
O que é Geofísica
A geofísica teve seu início com a teoria da deriva continental, em 1912. "Apesar dos alunos estudarem conceitos de geofísica, como tectônica de placas e divisão da terra em crosta, manto e núcleo, eles não sabem como eles foram obtidos," afirma o professor Ailton Bassini, responsável pelo local.
"Como é que a gente sabe qual a constituição da terra, que tipo de rocha, qual a densidade, qual a pressão, qual a temperatura? Tudo isso sai da geofísica" acrescenta Bassini.
O roteiro da visita ao Espaço Geofísica, que dura em média uma hora e meia, tenta fornecer algumas noções básicas da ciência por meio de uma palestra acompanhada por slides e filmes didáticos.
Fenômenos recentes e de grandes proporções também são comentados, a exemplo do tsunami ocorrido na Indonésia ao final de 2004, sobre o qual Bassini fez um filme de nove minutos. "Posso dar uma aula de geofísica ao mostrar cenas do terremoto que aconteceu, as consequências, os danos, o que se pode fazer a respeito", diz.
Durante a explicação, ainda se tenta trazer para os alunos a dimensão de fenômenos geofísicos, a partir da comparação com outros elementos mais facilmente verificáveis.
Bassini conta que, para exemplificar o que seria a magnitude de um terremoto, ele costuma fazer uma comparação com a usina hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo. "A energia liberada por um terremoto de escala nove é mais ou menos a mesma que Itaipu produziria trabalhando quatro anos e meio", afirma.
Terremotos no Brasil
Para o professor, a aula do Espaço Geofísica é importante para desmitificar algumas noções errôneas que os alunos carregam consigo, como a de que no Brasil não existem terremotos.
"Eu faço uma pesquisa e, ainda hoje, 98% dos alunos respondem 'não' quando eu pergunto se há sismos no Brasil".
Como forma de corrigir isso, o docente costuma mostrar um grande mapa do Brasil, no qual há pequenos círculos indicando os locais em que acontecem tremores, e chamar a atenção para quatro ou cinco casos em particular, como o de João Câmara, cidade do Rio Grande Norte, em que foram registrados 12 mil tremores em apenas quatro meses durante o ano de 1986. "É preciso saber que há uma atividade física importante no País", diz.
Trabalho do geofísico
Além disso, as perspectivas do geofísico no mercado de trabalho, pouco conhecidas, também são reveladas na apresentação. Com o apoio dos slides e de pôsteres temáticos, são explicadas as formas de atuação em vários nichos específicos da geofísica, como geoelétrica, geotermia e prospecção de petróleo.
"Geoelétrica, por exemplo, como funciona? Pode ser aplicada na contaminação dos lençóis freáticos. Pode-se, por métodos elétricos, determinar como é a contaminação, ou seja, qual a sua superfície e profundidade", explica Bassini.
Por meio do projeto Ciência Móvel, do Parque Cientec, o Espaço Geofísica também consegue chegar a outras cidades do estado e até mesmo do Brasil. Este ano, já foram atendidas escolas em cidades como Lorena (SP), Franco da Rocha (SP), São Vicente (SP) e Caxambu (MG), entre outras.
Visitas
Nas visitas, uma grande parte dos equipamentos encontrados no Espaço também é levada para ser exposta aos alunos. "Eu levo sismógrafo, sensor, GPS - todos os equipamentos pequenos que eu possa levar numa caixa. E os pôsteres temáticos também", diz Bassini.
Segundo ele, as atividades e seus objetivos permanecem os mesmos. Mas a grande diferença está no tempo e no número de alunos atendidos: as aulas duram apenas entre 40 e 50 minutos e, num dia inteiro, mais de mil estudantes chegam a ser atendidos.
As visitas ao Parque Cientec ocorrem de terça a sexta-feira e devem ser agendadas previamente pelo telefone (11) 5077-6312. O endereço é Av. Miguel Stéfano, 4200, Água Funda, São Paulo. Outras informações podem ser encontradas no site www.parquecientec.usp.br.