Com informações da ESA - 31/10/2017
Buraco espacial
Esta imagem curiosa, retratada pelo telescópio espacial Hubble, parece um farol iluminando uma névoa que está se dispersando, já mostrando um buraco no centro.
A analogia é bastante válida. Só que a névoa é poeira e gás, o farol é uma estrela, e o buraco é realmente um fragmento do céu verdadeiramente vazio.
Quando essa mancha escura foi fotografada pela primeira vez, em março de 2000, os cientistas presumiram tratar-se de uma nuvem muito fria e densa de gás e poeira, tão grossa que era totalmente opaca na luz visível e bloqueava toda a luz atrás dela - por isso ela aparecia na imagem como um buraco totalmente negro.
A argumentação fazia sentido porque existem "glóbulos" desse tipo, pequenos casulos onde a densa poeira está formando estrelas.
Contudo, quando o Observatório Espacial Herschel, que enxerga em comprimentos de onda infravermelhos - ondas de calor -, o que permite ver através da poeira, ficou claro que não havia poeira nenhuma lá.
É um fragmento do céu verdadeiramente vazio.
Nebulosa de reflexão
Os astrônomos agora acreditam que o buraco foi formado quando jatos de gás de algumas das jovens estrelas da região enevoada perfuraram a camada de pó e gás que forma a nebulosa circundante. A poderosa radiação de uma estrela madura próxima também pode ter ajudado a limpar o buraco.
Por que não se consegue ver nada além dele - estrelas ou galáxias ao fundo, por exemplo - ainda é algo sujeito a especulações.
A estrela brilhante que aparece na imagem é a V380 Orionis, uma estrela jovem com 3,5 vezes a massa do nosso Sol. Ela parece branca devido à sua alta temperatura superficial, de cerca de 10.000ºC, quase o dobro da temperatura do Sol.
A estrela é tão jovem que ainda está cercada por uma nuvem de material remanescente da sua formação. Este material brilhante é visível apenas devido à luz da estrela, já que não emite nenhuma luz visível própria. Esta é a assinatura de uma "nebulosa de reflexão" - esta é conhecida como NGC 1999.