Redação do Site Inovação Tecnológica - 08/11/2022
Quem falará com o ETs quando eles chegarem?
O que a humanidade fará quando confirmarmos que não estamos sozinhos no cosmos? Quem falará pela Terra? E, sobretudo, como falaremos pela Terra?
Ninguém sabe, mas a proposta de uma equipe do SETI (Busca por Inteligência Extraterrestre) é que comecemos a discutir isso já, porque precisamos ter um protocolo de ação quando a hora chegar.
Embora já existam procedimentos e entidades estabelecidas junto às Nações Unidas para lidar com a ameaça representada pelos impactos de asteroides na Terra, mas não há nada semelhante para captar um sinal de rádio de uma civilização alienígena e, menos ainda como estabelecer ou reagir a um contato.
Para desenvolver esse "protocolo de contato com extraterrestres", a comunidade SETI de todo o mundo está se reunindo no "Centro de Pós-Detecção SETI", que atuará como um centro de coordenação para um esforço internacional reunindo diversos conhecimentos nas ciências e nas humanidades para estabelecer avaliações de impacto, protocolos, procedimentos e tratados destinados a permitir uma resposta responsável aos ETs.
"A ficção científica está repleta de explorações do impacto na sociedade humana após a descoberta e até encontros com vida ou inteligência de outros lugares. Mas precisamos ir além de pensar sobre o impacto na humanidade. Precisamos coordenar nosso conhecimento especializado não apenas para avaliar as evidências, mas também para considerar a resposta social humana, à medida que nosso entendimento progride e o que sabemos e o que não sabemos é comunicado. E a hora de fazer isso é agora," disse o professor John Elliott, da Universidade de St Andrews, no Reino Unido.
Protocolo para o primeiro contato
Atualmente, os únicos protocolos para o nosso "primeiro contato" são aqueles elaborados pela própria comunidade SETI em 1989, que foram revistos pela última vez em 2010.
Centrados inteiramente na conduta científica geral, eles constituem aspirações muito vagas, provavelmente não exequíveis, e não são úteis para gerenciar na prática todo o processo de busca, o tratamento das evidências candidatas, a confirmação de detecção, a análise e interpretação pós-detecção e, sobretudo, nossa resposta.
"Será que algum dia receberemos uma mensagem de extraterrestres? Nós não sabemos. Também não sabemos quando isso vai acontecer. Mas sabemos que não podemos nos dar ao luxo de estar mal preparados - científica, social e politicamente sem rumo - para um evento que pode se tornar realidade já amanhã, e que não podemos nos dar ao luxo de administrar mal," disse Elliott.
Aprender a falar extraterrestre
Uma das primeiras preocupações é aprender "extraterrestriaquês". Neste caso, porém, não é tanto adivinhar o idioma dos ETs que poderão nos contatar, mas entender os sinais de rádio que temos detectado há décadas em busca de sinais deles.
"Escanear sinais de suposta origem extraterrestre para estruturas de linguagem e anexar significado é um processo elaborado e demorado, durante o qual nosso conhecimento será avançado em muitas etapas à medida que aprendemos a falar 'extraterrestre'," disse Elliott.
A iniciativa é importante porque, pela primeira vez, a comunidade SETI terá uma "casa" para coordenar o desenvolvimento de uma estrutura abrangente, reunir os membros do SETI e convidados de outras comunidades acadêmicas, bem como especialistas em política e humanidades.
Na parte prática, o objetivo inclui trabalhar em tópicos que vão desde decifração de mensagens e análise de dados até o desenvolvimento de protocolos regulatórios, lei espacial e estratégias para lidar com o impacto social da eventual chegada dos ETs.