Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/12/2016
Óxido de índio-estanho
Parece que finalmente surgiu um material capaz de não apenas rivalizar, mas eventualmente desbancar, as películas condutoras transparentes responsáveis pelo funcionamento das telas sensíveis ao toque.
A tecnologia responsável por viabilizar os smartphones, tablets e vários outros aparelhos sem teclados físicos é conhecida como ITO, sigla de óxido de índio-estanho (Indium Tin Oxide), o material usado para fazer as películas que permitem que as telas detectem os toques que controlam os aparelhos.
Por mais eficiente que seja, o semicondutor ITO tem suas desvantagens: ele é caro e tem pouca flexibilidade mecânica, o que exige que ele seja processado sob altas temperaturas, encarecendo também o processo produtivo.
Por isso tem havido uma corrida para desenvolver alternativas, corrida esta impulsionada por um prêmio nada desprezível: encomendas de uma indústria que movimenta centenas de bilhões de dólares.
Antirreflexo
Rinu Maniyara, trabalhando no Instituto de Ciências Fotônicas (ICFO), na Espanha, assumiu a dianteira apostando nos filmes metálicos ultrafinos, ou UTMFs (UltraThin Metal Films) - outros competidores estão trabalhando com AZO (óxido de zinco dopado com alumínio), nanotubos de carbono, nanofios metálicos, polímeros condutores e grafeno, entre outros.
Maniyara desenvolveu um processo que opera a temperatura ambiente para produzir filmes metálicos transparentes de múltiplas camadas, o que permite obter todas as funcionalidades apresentadas pelo ITO.
Como ganhos extras, além de ser mecanicamente flexível, facilitando sua fabricação e montagem nos aparelhos, o novo material apresentou propriedades antirreflexo excepcionais.
Quatro vezes melhor que ITO
O material é formado por três camadas: um filme de prata condutor, uma camada de óxido de zinco dopado com alumínio e uma camada de revestimento de dióxido de titânio, cada uma com espessuras precisamente calculadas.
Usando interferência destrutiva, os pesquisadores mostraram que a estrutura multicamada apresenta uma perda óptica de aproximadamente 1,6% e uma transmissão óptica maior do que 98% no visível - o que é nada menos do que quatro vezes melhor do que o ITO.
Devidamente patenteado, o processo agora entra na fila de análise da indústria rumo à sua adoção.