Com informações da ESA - 15/09/2011
Parto normal
O telescópio espacial Herschel descobriu que não é preciso que as galáxias colidam umas com as outras para desencadear o nascimento de estrelas.
A descoberta contraria este pressuposto antigo e oferece uma outra visão da forma como as galáxias evoluem.
O cientista David Elbaz e seus colegas analisaram os dados do Herschel e descobriram que as colisões de galáxias desempenharam um papel menor no nascimento de estrelas, apesar de algumas galáxias jovens estarem formando estrelas a ritmos estonteantes.
Pela comparação da quantidade de raios infravermelhos emitidos por estas galáxias, em diferentes comprimentos de onda, a equipe demonstrou que a taxa de formação de estrelas depende da quantidade de gás que a galáxia contém, e não do fato de estarem ou não em colisão.
Matéria-prima das estrelas
O gás é a matéria-prima para as estrelas e este trabalho revela uma relação muito simples: quanto mais gás a galáxia contém, maior a taxa de formação de estrelas.
"É só nas galáxias que já não têm muito gás que as colisões são necessárias para fornecer este gás e desencadear as elevadas taxas de formação de estrelas," explica Elbaz.
Isto se aplica às galáxias da atualidade que, depois de 10 bilhões de anos formando estrelas, gastaram quase toda a sua matéria-prima gasosa.
Esta pesquisa traça um quadro muito mais imponente do nascimento das estrelas do que a perspectiva anterior, com as galáxias crescendo lenta e naturalmente a partir dos gases que atraem das suas vizinhanças, sem exigir trombadas pouco usuais.
Buraco da fechadura
A conclusão baseia-se nas observações de dois pedaços do céu, cada um com cerca de um terço do tamanho da Lua cheia.
É como espiar o Universo através de um buraco da fechadura - o Herschel viu mais de mil galáxias a diferentes distâncias da Terra, cobrindo 80% da idade presumida do universo.
Estas observações são únicas porque o Herschel pode estudar uma vasta gama de luz infravermelha, revelando uma imagem mais completa do nascimento das estrelas do que já tinha sido obtido.
Acredita-se que a taxa de formação de estrelas atingiu o seu pico no Universo jovem, há cerca de 10 bilhões de anos. Nessa altura, algumas galáxias estavam formando estrelas com uma intensidade dezenas ou até centenas de vezes superior à que acontece atualmente na nossa galáxia.
No presente, pelo menos nas nossas vizinhanças do Universo, é muito raro encontrar taxas tão elevadas de nascimento de estrelas e, quando ocorrem, parecem ter na sua origem na colisão de galáxias.
Daí que os astrônomos tenham assumido que isto era verdade ao longo do história.
O Herschel mostrou agora que não é isto que acontece ao observar galáxias que estão muito distantes - portanto, vistas tal como eram há bilhões de anos.