Redação do Site Inovação Tecnológica - 25/06/2019
Computação com luz
Pesquisadores canadenses desenvolveram uma forma inusitada, e incrivelmente simples, de computação.
As entradas são fornecidas por meio de feixes padronizados de luz e sombra, conhecidos como bandas ou franjas, que são disparadas através de diferentes facetas de um cubo contendo um material plástico.
Para saber o resultado do cálculo é só ler as franjas de luz combinadas que emergem do outro lado do cubo.
Até agora, a equipe conseguiu usar seu novo processo de computação óptica para realizar operações simples de adição e subtração.
A computação é altamente localizada, não precisa de fonte de energia e opera completamente dentro do espectro da luz visível.
O material no cubo lê e reage "intuitivamente" à luz, de maneira similar ao que uma planta faz quando se volta para o Sol ou como um polvo muda a cor de sua pele para se adaptar ao ambiente.
"Estes são materiais autônomos que respondem a estímulos e realizam operações inteligentes. Estamos muito entusiasmados em poder fazer adição e subtração dessa maneira, e estamos pensando em maneiras de fazer outras funções computacionais," disse o professor Kalaichelvi Saravanamuttu, da Universidade McMaster.
Objetos inteligentes
A técnica, inspirada nos sistemas biológicos naturais que ela relembra, representa uma forma completamente nova de computação, que, segundo a equipe, tem potencial para realizar funções complexas e úteis, e até outras ainda por serem imaginadas, possivelmente organizadas ao longo de estruturas de redes neurais.
A tecnologia se fundamenta em um ramo da química chamado dinâmica não-linear, e usa materiais projetados e fabricados para produzir reações específicas à luz - uma classe de materiais artificiais conhecidos como metamateriais.
O material artificial polimérico, de cor âmbar, é encapsulado dentro de um cubo de vidro mais ou menos do tamanho de um dado usado em um jogo de tabuleiro. O polímero começa como um líquido e se transforma em um gel em reação à luz.
O feixe de luz passa através do cubo, saindo pela face oposta em direção a uma câmera, que lê os resultados. Os resultados são produzidos conforme a luz é refratada pelo material dentro do cubo, cujos componentes se formam espontaneamente em milhares de filamentos que reagem aos padrões de luz para produzir um novo padrão dimensional que expressa o resultado.
Como o cálculo está incorporado no material, esta técnica de computação óptica não irá substituir os computadores atuais, mas poderá render objetos inteligentes que dão soluções instantâneas a problemas específicos.
"Não queremos competir com as tecnologias de computação existentes. Estamos tentando construir materiais com respostas mais inteligentes e sofisticadas," disse a pesquisadora Fariha Mahmood, coautora do trabalho.