Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/09/2015
Superneutrino
O observatório IceCube, instalado nas profundezas do Pólo Sul, detectou um neutrino de energia extremamente elevada - o neutrino de maior energia já visto.
Esse superneutrino é algo totalmente inesperado, e agora os astrônomos estão tentando imaginar qual seria sua origem.
O evento registrado mostrou um neutrino com mais de 2 quatrilhões de elétron-volts, e agora os físicos e astrônomos estão coçando as cabeças na tentativa de imaginar qual poderia ser sua origem.
Nada a vista
Sempre se acreditou que os neutrinos viessem das mesmas fontes que os raios cósmicos.
Mas, diferentemente das partículas carregadas conhecidas como raios cósmicos - e como seu nome indica - neutrinos são neutros, e, portanto, viajam em linha reta, sem serem afetados por quaisquer campos no caminho, sejam eletromagnéticos ou gravitacionais, ou mesmo pela matéria das estrelas e planetas.
Assim, ao capturar um neutrino, bastaria olhar na direção exata da qual ele veio e seria possível detectar sua fonte - segundo as expectativas atuais, uma fonte de raios cósmicos.
Contudo, experimentos feitos nos últimos anos mostraram que isso não funciona: apontar os instrumentos para o espaço na direção das fontes suspeitas de emitir neutrinos não revelou nenhum candidato óbvio - na verdade, nenhum fenômeno de alta energia foi encontrado nessas buscas.
Observatório astrofísico IceCube
Mistério dos neutrinos
De volta à prancheta, alguns teóricos começaram a conceber modelos que propõem que neutrinos muito energéticos devem ser resquícios do nascimento do universo, ou que o espaço pode não ser simétrico como os astrofísicos pensam.
Contudo, enquanto esses modelos não podem ser avaliados, a maioria dos físicos apontou os dedos da suspeita para os buracos negros supermassivos no centro das galáxias - certamente as regiões sobre as quais menos se sabe até hoje.
A detecção desses neutrinos de energia extremamente elevada só fez complicar as coisas, aumentando o mistério.
"Um monte de pessoas no IceCube, eu inclusive, temos gasto a maior parte do tempo tentando descobrir o que eles significam," confessou o professor Spencer Klein, acrescentando que a descoberta "aprofunda o mistério dos raios cósmicos" - e dos neutrinos, certamente.