Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/06/2011
Desviando do lixo espacial
Uma espetacular estrela cadente por cima do Pacífico marcou o final da missão da nave de carga europeia não tripulada, o ATV. O contato com a nave foi interrompido a uma altitude de 80 km.
Depois de uma separação sem falhas da Estação Espacial Internacional, o Veículo de Transferência Automatizado voou sozinho enquanto o centro de controle, em Toulouse, França, preparava a nave para a sua reentrada.
Foi necessária ainda uma manobra não planejada: contornar um detrito espacial, cerca de duas horas após a saída da Estação.
Depois de um aviso da NASA de que um objeto iria passar a cerca de 50 metros, o ATV-2 disparou os motores por um instante, para se desviar do perigo.
A tonelada de combustível que sobrava nos seus tanques era mais do que suficiente para a manobra de reentrada e para qualquer contingência - assim como para uma explosão no caso de um choque, o que produziria mais uma população de novos detritos espaciais em órbita.
Girando para a destruição
Foram necessários dois disparos dos motores, uma para colocar o ATV em uma órbita elíptica e outra que o posicionou em direção ao alvo no Pacífico.
A primeira ignição durou 10 minutos e 9 segundos e a segunda 14 minutos e 9 segundos.
Mesmo antes de tocar na atmosfera, foram enviadas instruções ao Johannes Kepler para que ele começasse a dar cambalhotas, para garantir que ele se desintegraria e incendiaria por completo.
As peças que sobreviveram - como o pesado equipamento de acoplagem e os motores principais, desenhados para aguentar temperaturas extremas - foram as únicas que atingiram o oceano.
A reentrada destrutiva aconteceu exatamente como planejado, acima de uma área desabitada do Pacífico Sul, cerca de 2.500 km a leste da Nova Zelândia, 6.000 km a oeste do Chile e 2.500 km a sul da Polinésia Francesa.
Caixa-preta espacial
Os últimos momentos do ATV foram gravados por um protótipo de caixa-preta espacial.
O pequeno aparelho recolheu informação acerca da aceleração, rotação, direção, guinada, temperaturas e coordenadas GPS.
Depois de recolhida a informação, a caixa-preta espacial desceu sozinha, protegida por um escudo térmico próprio, e transmitiu os dados através do sistema de comunicações Iridium.
A informação irá ajudar a prever o que acontece ao hardware espacial durante a reentrada e separação, sob calor e carga aerodinâmicos.
Isto ajudará no desenho de futuras naves espaciais, de forma a evitar o risco de acidentes durante a reentrada na atmosfera.