Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/01/2022
Detecção de água in situ na Lua
Antes de trazer as primeiras amostras da Lua desde as missões Apolo (EUA) e Luna (URSS), há quase 50 anos, a missão chinesa Chang'E-5 já havia realizado outro feito histórico.
Os instrumentos da Chang'E-5 fizeram a primeira detecção de moléculas de água na Lua localmente, ou seja, sem a necessidade de trazer as amostras para análise na Terra.
Os dados ainda estavam nos registros do espectrômetro mineralógico lunar (LMS), instrumento a bordo da sonda que realizou medições de refletância espectral do regolito e de uma rocha, e acabam de ser divulgados por Honglei Lin e seus colegas da Academia Chinesa de Ciências.
Muitas observações orbitais e medições de amostras feitas na última década apresentaram indícios da presença de água (como hidroxila e/ou H2O) na Lua.
No entanto, nenhuma medição in-situ havia sido realizada na superfície lunar até hoje.
Os dados originais do espectrômetro precisaram ser corrigidos e adaptados para isolar o padrão de emissão da água. A equipe garante que seu modelo, após as correções e calibrações realizadas, mostra "absorções espectrais indubitáveis em 2,85 micrômetros, observadas no local de pouso de Chang'E-5".
Quantidade de água na Lua
A análise espectral quantitativa indica que o solo lunar no local de pouso da sonda chinesa contém menos de 120 ppm de água (partes por milhão), o que é atribuído principalmente à ação do vento solar agindo sobre o regolito. Isso é consistente com a análise preliminar das amostras que a Chang'E-5 trouxe para a Terra.
Já uma rocha analisada apresentou uma absorção muito mais forte na mesma faixa indicativa de água, correspondendo a uma estimativa de cerca de 180 ppm de água, sugerindo assim uma fonte adicional de água do interior lunar, já que essa quantidade não poderia ser explicada pela ação do vento solar.
Para comparação, isso seria 100 vezes menos água do que existe inclusa nos grãos de areia do deserto do Saara. Contudo, os dados publicados pela equipe referem-se à combinação de água mais hidroxila (OH + H2O).
Existe muita controvérsia no meio científico sobre a interpretação das moléculas hidroxila identificadas na Lua como água. A hidroxila é, por assim dizer, um "parente próximo" da água.
Contudo, há muita esperança de que se encontre gelo de água nas profundezas das crateras escuras do Pólo Sul da Lua - já existem até naves projetadas para extrair água na Lua.