Redação do Site Inovação Tecnológica - 20/02/2008
O projeto de orçamento da NASA para 2009 contém mais do que um amontoado de cifras para explicar a destinação de US$17,6 bilhões. Além de especificar os projetos nos quais a agência espacial irá investir seus melhores esforços nos próximos anos, os números revelam uma tendência que parece inevitável: a privatização dos vôos espaciais.
Aposentaria dos ônibus espaciais
A NASA planeja aposentar os ônibus espaciais em 2010. E as naves Orion, que deverão subsituí-los, somente deverão começar a voar em 2015. Na situação de hoje, isso significaria que os Estados Unidos passariam a depender inteiramente das naves russas para enviar seus astronautas para a Estação Espacial Internacional (ISS).
Comprar domesticamente
Mas a idéia não parece ser bem esta. O orçamento destina US$2,6 bilhões para a compra de vôos para a ISS, uma grande parte devendo ser gasta mesmo com os conjuntos russos Soyuz-Progress. Mas William Gerstenmaier, administrador das operações espaciais, afirmou que todas as tentativas serão feitas para "comprar domesticamente."
"Nós iremos querer comprar serviços comerciais primeiramente. Nosso foco tem sido como nós podemos usar [este orçamento] para comprar comercialmente - e comprar domesticamente, se possível," afirmou ele.
Naves comerciais
O mercado internacional começa a oferecer opções. O cargueiro europeu Júlio Verne deverá ser bastante utilizado para o transporte de cargas. E, correndo por fora, há ainda a nave japonesa HTV. Mas ainda não há opções prontas de companhias americanas.
Apesar do sigilo que sempre cerca o desenvolvimento tecnológico na área aeroespacial, os trabalhos mais promissores parecem estar mesmo a cargo da SpaceX. Mas a NASA não poupará esforços para incentivar e financiar outros empreendedores norte-americanos.
"Com mais de US$2,6 bilhões de fundos disponíveis para a NASA nos próximos cinco anos para comprar serviços para transporte de carga e tripulação para manter as operações da ISS, nós vamos preferir muito mais usar este dinheiro para comprar serviços de companhias privadas americanas do que de entidades estrangeiras," reforçou a administradora Shana Dale.
Fim da era Bush
A mudança é estratégica em vários sentidos, mas principalmente em termos da política norte-americana. Com o fim do governo Bush, e sua mão aberta para todo gasto que possa ser de alguma forma resultar em usos para fins militares, a NASA sabe que poderá enfrentar problemas sérios para a manutenção de seu orçamento nos próximos anos.
Estes novos fundos para o futuro poderão ser aprovados muito mais facilmente com a ajuda dos lobbies de empresas privadas norte-americanas. E sem tem quer enfrentar a forte ideologia da menor participação do estado na economia.