Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/12/2012
Armadilha para luz
Pesquisadores encontraram uma maneira simples e barata para quase triplicar a eficiência das células solares.
Uma nanotela, com dimensões cuidadosamente calculadas, aprisiona a luz, não deixando que os fótons escapem, otimizando seu aproveitamento.
A nanoestrutura ataca duas das principais deficiências de todas as células solares: a reflexão da luz pela célula e sua incapacidade para aproveitar todos os fótons que entram em seu interior.
Sub-comprimento de ondas
Stephen Chou e Wei Ding, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, diminuíram o custo dessas ineficiências construindo uma "cavidade plasmônica de sub-comprimento de onda".
O dispositivo, que se torna uma parte essencial da célula solar, é uma malha metálica muito fina.
A nanotela tem 30 nanômetros de espessura e cada buraco tem 175 nanômetros de diâmetro, separados uns dos outros por 25 nanômetros.
Todas essas dimensões são muito menores do que o comprimento de onda da luz - daí a expressão "sub-comprimento de ondas" no nome dessa armadilha de luz.
Isso é essencial porque a luz se comporta de maneiras muito peculiares em estruturas com dimensões abaixo do seu comprimento de ondas. Essa tela em particular, permite que a luz entre, com quase nenhum reflexão, mas não saia.
"É como um buraco negro para a luz. Ele a aprisiona," comenta Chou.
Sanduíche solar
Os dois pesquisadores testaram o novo aparato com células solares orgânicas, as promissoras células solares de plástico, que são baratas e flexíveis. Contudo, o princípio também deverá funcionar para as células solares inorgânicas, de silício.
A estrutura da nova célula solar passa a ser um sanduíche, onde uma metade é a nanotela, e a outra é o filme fino metálico tradicionalmente usado nas células solares.
O recheio é uma fita de material semicondutor - esta camada pode ser virtualmente qualquer material usado em células solares, como plástico, arseneto de gálio ou silício.
Neste experimento a dupla usou um plástico semicondutor.
Eficiência da célula solar
O resultado é uma célula solar orgânica que reflete apenas 4% da luz, absorvendo os outros 96%.
A eficiência da célula na conversão da energia solar em eletricidade aumentou em nada menos do que 175%, e justamente quando ela não está voltada diretamente para o Sol, ou durante dias nublados.
Quando diretamente voltada para o Sol, o ganho em eficiência foi de 52%.
Os pesquisadores afirmam que é possível pensar em otimizar o mecanismo ainda mais, embora eles tenham sido surpreendidos com os excepcionais resultados desse primeiro protótipo.