Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/02/2013
Além do Nobel
Dois cientistas suíços desenvolveram um novo tipo de microscópio - na verdade um nanoscópio - que promete revolucionar a biologia e as ciências médicas.
O avanço está sendo comparado ao salto dado pela televisão em relação à fotografia.
Para se ter uma ideia da importância da descoberta, basta lembrar que a proteína verde fluorescente (GFP - green fluorescent protein) rendeu o Prêmio Nobel de Química de 2008 aos seus criadores - a GFP é um dos principais instrumentos usados para visualizar células vivas.
A nova técnica permite criar imagens 3D de células vivas e rastrear a reação dessas células a vários tipos de estímulos, tudo sem usar corantes ou fluoróforos, como a GFP.
Medicamento em tempo real
Yann Cotte e Fatih Toy, do instituto EPFL, desenvolveram um novo aparelho que combina a microscopia holográfica com o processamento digital de imagens para observar tecidos biológicos vivos com precisão em nanoescala.
O protótipo obtém as imagens 3D em questão de minutos, mas os pesquisadores já estão trabalhando em uma versão em tempo real, que permitirá o acompanhamento das células ao vivo.
Como as imagens são geradas sem a injeção de contrastes ou fluoróforos nas células, os resultados não correm o risco de serem distorcidos pela presença de substâncias estranhas nas amostras.
"Podemos observar em tempo real a reação de uma célula que está sujeita a qualquer tipo de estímulo," explica Cotte. "Isto abre todos os tipos de novas oportunidades, como estudar os efeitos das substâncias farmacêuticas em nível de células individuais."
Holografia processada
As imagens são geradas capturando os reflexos de um laser de baixíssima intensidade, de forma a minimizar os efeitos da luz e do calor sobre a célula.
Conforme o laser rastreia a amostra, uma sequência de imagens é capturada por holografia e registradas por uma câmera digital.
Um programa de computador mescla as imagens para eliminar os "ruídos" e ajustar as melhores áreas de foco.