Redação do Site Inovação Tecnológica - 06/12/2007
No início deste ano, pesquisadores desenvolveram uma nova técnica capaz de direcionar nanopartículas diretamente para tumores cancerígenos (veja Técnica leva nanopartículas diretamente a tumores cancerígenos). Como as nanopartículas se aglomeraram no tumor, os cientistas começaram a pesquisar formas de "falar com elas," fazendo-as agir de forma determinada depois que elas já tivessem alcançado o objetivo.
Ativação por ondas de rádio
Os resultados não poderiam ser melhores. Eles descobriram uma forma de ativar as nanopartículas, fazendo-as liberar medicamentos, utilizando unicamente ondas de rádio. A inovação deverá permitir o desenvolvimento de tratamentos para tumores localizados no interior do organismo, reduzindo os efeitos adversos da quimioterapia.
As nanopartículas utilizadas são superparamagnéticas - uma propriedade que faz com que elas emitam calor quando submetidas a um campo magnético. As nanopartículas servem também como carregadoras - atreladas a elas vão as moléculas ativas dos medicamentos.
Quando chegam aos tumores, as nanopartículas aglomeram-se ao seu redor. Os pesquisadores então acionam um campo eletromagnético de baixa freqüência, entre 350 e 400 kilohertz - a mesma faixa utilizada para transmissões de rádio. Estas ondas atravessam os tecidos do organismo sem causar nenhum dano.
Liberação local de medicamentos
Quando chegam às nanopartículas, porém, essas ondas de rádio fazem com que as nanopartículas se aqueçam, liberando os medicamentos. Isto garante que o medicamento ficará restrito à área do tumor, o que os cientistas esperam ser capaz de reduzir enormemente os efeitos colaterais da quimioterapia tradicional, que faz com que os remédios entrem em contato com quase todo o organismo do paciente.
Os medicamentos são atrelados às nanopartículas por meio de fitas de DNA, um material altamente sensível ao calor. Duas fitas de DNA são conectadas por meio de ligações de hidrogênio que se quebram quando aquecidas. Na presença do campo magnético o calor das nanopartículas quebra as ligações de hidrogênio, deixando uma fita presa à nanopartícula e liberando a outra, que pode então navegar livremente, levando o medicamento.
Ajustes no DNA
Outra vantagem na utilização de fitas de DNA é que seu "ponto de fusão" é ajustável, variando de acordo com seu comprimento. Isso tornará possível que um mesmo conjunto de nanopartículas leve diferentes medicamentos, que poderão ser liberados nos momentos mais adequados ao tratamento.
As experiências foram feitas até agora apenas em camundongos. Para chegar aos testes clínicos em humanos, os pesquisadores precisam ainda conseguir ajustar a quantidade de nanopartículas injetadas no organismo, para que a aglomeração ao redor do tumor seja suficiente para um funcionamento adequado. Isso acontece porque o aquecimento das nanopartículas exige uma massa crítica - uma quantidade mínima de nanopartículas aglomeradas - para que o sistema funcione.