Redação do Site Inovação Tecnológica - 01/11/2012
Mercúrio que vai e volta
Quando as lâmpadas fluorescentes compactas se quebram, o mercúrio que as faz funcionar volta para o meio ambiente.
O metal pesado, dessa e de outras fontes, pode se acumular no solo, mas mais provavelmente vai para os rios e lagos, podendo ir parar nos peixes, quando então retornará às nossas casas e pratos.
A saída para detectar, medir, e eventualmente capturar, esse "tempero" indesejado pode estar em um novo sensor criado por uma equipe da Escola Politécnica Federal Lausanne (Suíça) e da Universidade Northwestern (EUA).
O grupo criou um nano-velcro usando nanopartículas, às quais foram grudadas estruturas parecidas com pêlos.
O material conseguiu detectar e capturar metais pesados como o mercúrio e o cádmio.
Metil-mercúrio
Segundo os pesquisadores, a tecnologia permite detectar os elementos dissolvidos na água e, mais importante, nos peixes que comemos.
Isto porque o nano-velcro consegue detectar o metil-mercúrio, a forma mais comum de poluição à base de mercúrio.
O metil-mercúrio se acumula ao longo da cadeia alimentar, geralmente atingindo os níveis mais altos de contaminação em peixes predadores, como o atum e o peixe-espada.
No homem, o composto atinge o sistema nervoso e prejudica o desenvolvimento fetal.
Precisão sem precedentes
As nanopartículas e seus pêlos são postos sobre um substrato de vidro, formando uma pequena barra que só precisa ser mergulhada na área ou posta em contato com os alimentos para fazer as medições.
Quando um íon - uma partícula carregada positivamente, como o metil-mercúrio ou o cádmio - entra em contato com os cílios do sensor, esses pequenos pêlos fecham-se, aprisionando o poluente.
O resultado é lido por um aparelho elétrico simples: quando mais íons estiverem presos no sensor, mais eletricidade ele conduzirá.
A variação de corrente permite detectar os poluentes em concentrações attomolares, um nível de precisão sem precedentes.
Versatilidade
O nano-velcro é versátil, podendo ser adaptado para diversas situações.
Para aprisionar diferentes tipos de poluentes, basta variar a dimensões dos nano-pêlos que formam o sensor.
"Com esta tecnologia torna-se possível realizar testes em uma escala muito maior no campo, ou mesmo nos peixes antes que eles sejam colocados no supermercado," disse Eun Seon Cho, que construiu os sensores.