Redação do Site Inovação Tecnológica - 08/05/2018
Motor acionado por luz
Você provavelmente tem em sua cozinha um misturador elétrico - um mixer.
É um aparelho simples, com um motor elétrico cujo eixo é conectado a uma haste que, por sua vez, contém uma pequena hélice na outra extremidade.
Agora imagine obter o mesmo efeito de misturador trocando motor, haste e hélice por um laser - você terá um motor movido a luz.
Esse pequeno motor óptico não conseguirá misturar seu achocolatado na velocidade que você gostaria, mas ele representa a solução sob medida para misturar líquidos no interior dos biochips, microlaboratórios construídos dentro de pastilhas de vidro que funcionam com base nos princípios da microfluídica.
Motor a vapor a laser
A ideia original foi de Pedro Quinto-Su, da Universidade Autônoma do México, que usou feixes de laser para prender uma partícula no ponto de maior intensidade da luz - esse mecanismo é conhecido como pinça óptica.
A partícula estava mergulhada em água, e o aquecimento provocado pelo laser fazia a água adjacente ferver, produzindo uma bolha de vapor que afastava a partícula do eixo do feixe. Então a partícula resfriava e era puxada para trás pelas pinças ópticas conforme a bolha era reabsorvida.
O resultado é uma partícula que se movimenta continuamente para a frente e para trás - Pedro chamou o mecanismo de "motor a vapor microscópico".
Mixer a laser
Falko Schmidt e seus colegas da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, partiram daí e substituíram a água por uma mistura líquida crítica - uma mistura formada por dois líquidos pouco abaixo da temperatura na qual os dois se separam.
Bastou essa modificação para que a partícula mudasse de comportamento - em vez de ficar indo e vindo como um pistão movido a vapor, ela circula continuamente em volta do eixo do laser. Além de misturar coisas, pode-se usar uma microesfera de ferro como mecanismo de agitação - como a partícula aquece com o laser, ela faz a temperatura subir e força as misturas líquidas críticas a se desmisturarem.
Esse mixer acionado por luz alcança altas velocidades de rotação com alguns poucos miliwatts de potência do laser, em contraste com outros sistemas acionados opticamente, que tipicamente requerem vários watts e envolvem maiores mudanças internas de temperatura, afetando a mistura.
A equipe sueca afirma que o mecanismo é suficiente para misturar as minúsculas gotas de fluido usadas nos dispositivos microfluídicos, onde a mistura natural é limitada por causa da falta de turbulência dentro dos espaços confinados dos microcanais.