Redação do Site Inovação Tecnológica - 13/09/2022
Lonsdaleíta
Diamantes podem ser para sempre; mas nem todos são iguais.
É o caso da lonsdaleíta, um misterioso diamante com uma estrutura hexagonal, e não cúbica como nos diamantes mais comuns - o nome é uma homenagem à geóloga Kathleen Lonsdale [1903-1971].
Embora nunca tenha sido documentada sua gênese na Terra, a lonsdaleíta tem sido identificada em vários meteoritos desde os anos 1960 - mas eram sempre nanodiamantes, amostras tão pequenas que era impossível tirar conclusões definitivas sequer sobre sua estrutura cristalina, menos ainda sobre sua origem.
Agora, Andrew Tomkins e colegas de várias universidades australianas encontraram amostras maiores - na faixa dos micrômetros, ou seja, 1.000 vezes maiores que as anteriores - em quatro meteoritos coletados no nordeste da África.
"É uma descoberta importante porque agora temos cristais maiores, [então] podemos ter uma ideia melhor de como eles se formaram e talvez replicar esse processo no laboratório," disse o professor Alan Salek, membro da equipe.
E eles já têm suas teorias sobre a formação dos diamantes que analisaram: Os cristais de lonsdaleíta parecem ter se originado em planetas anões.
Diamante mais duro que diamante
A análise da equipe sugere que os cristais de diamante hexagonal foram criados por uma reação entre grafite - que também é carbono puro, mas organizado em camadas - e um fluido supercrítico de hidrogênio, metano, oxigênio e compostos químicos de enxofre.
Com base nessa receita, eles sugerem que os diamantes provavelmente se formaram quando um asteroide colidiu com um planeta anão. Mais tarde, por alguma razão o planeta anão se desintegrou e alguns de seus fragmentos acabaram caindo na Terra.
Curiosamente, essa receita cósmica não é muito diferente da que é usada aqui na Terra para fabricar diamantes sintéticos, que usa uma técnica conhecida como deposição de vapor químico.
Por isso a equipe acredita que pode ser possível desenvolver uma versão da receita para fabricar o diamante hexagonal em laboratório, algo que seria muito interessante porque calcula-se que a lonsdaleíta seja 60% mais dura do que o diamante convencional.
"A natureza nos forneceu, assim, um processo para tentar replicar na indústria. Acreditamos que a lonsdaleíta poderia ser usada para fazer peças de máquinas minúsculas e ultraduras se pudermos desenvolver um processo industrial que promova a substituição de peças pré-moldadas de grafite por lonsdaleíta," disse Tomkins.