Redação do Site Inovação Tecnológica - 29/06/2022
Impacto contra asteroide
Ao fazer uma simulação computadorizada, cientistas suíços concluíram que o primeiro treino de defesa planetária contra asteroides perigosos pode não sair exatamente como a NASA espera.
Na verdade, o resultado do teste pode ser melhor do que se esperava - exceto para o asteroide que será atingido.
Em novembro do ano passado, foi lançada a sonda espacial DART, sigla em inglês para Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo, o primeiro teste de uma tecnologia para defesa planetária contra asteroides que possam ameaçar a Terra.
A missão consiste em um "impactador cinético", uma espécie de projétil tamanho cósmico, para alterar o movimento de um dos membros do asteroide binário Didymos. Enquanto o corpo primário, chamado Didymos A, tem aproximadamente 780 metros de diâmetro, o corpo secundário (Didymos B, ou Dimorphos, uma espécie de minilua) tem cerca de 160 metros de diâmetro, que é o tamanho mais típico dos asteroides que poderiam representar uma ameaça significativa para a Terra.
A expectativa dos projetistas da missão DART é que a colisão irá alterar a velocidade do asteroide em sua órbita ao redor do corpo principal em menos de 1%, o que mudará o período orbital de Didymos B em vários minutos - o suficiente para ser observado e medido usando telescópios na Terra.
Mas não será bem assim, garantem Sabina Raducan e Martin Jutzi, da Universidade de Berna.
Cratera maior
Os dois pesquisadores simularam o impacto usando um novo método, com os resultados indicando que o projétil poderá deformar seu alvo muito mais severamente do que se calculava.
A principal diferença do novo método consiste em levar em consideração descobertas mais recentes, como a da sonda japonesa Hayabusa 2, que constatou que um asteroide - neste caso o asteroide Ryugu - pode ter uma estrutura interna muito solta - semelhante a uma pilha de escombros - que é mantida unida por interações gravitacionais e pequenas forças coesivas.
Enquanto isso, as simulações oficiais da missão DART assumem que o asteroide Dimorphos teria um interior sólido muito mais denso.
"Isso pode mudar drasticamente o resultado da colisão entre DART e Dimorphos, que está prevista para setembro próximo," explicou Raducan.
Em vez de deixar uma cratera relativamente pequena no asteroide, estimada pela missão em 160 metros de largura, o impacto do DART a uma velocidade de cerca de 24.000 km/h poderá deformar completamente o Dimorphos. O asteroide também poderá ser desviado com muito mais força e quantidades maiores de material podem ser ejetadas do impacto do que as estimativas oficiais preveem.
"Com nossa nova abordagem de modelagem, que leva em consideração a propagação das ondas de choque, a compactação e o fluxo subsequente de material, fomos pela primeira vez capazes de modelar todo o processo de formação de crateras resultante de impactos em pequenos asteroides como Dimorphos," concluiu Raducan.
Em 2024, a Agência Espacial Europeia (ESA) enviará uma sonda espacial para Dimorphos como parte da missão Hera. O objetivo é investigar visualmente as consequências do impacto da sonda DART.