Redação do Site Inovação Tecnológica - 05/06/2012
De olho no vírus
Cientistas franceses criaram um novo microscópio óptico que permitiu pela primeira vez que um HIV fosse observado diretamente com luz visível.
Embora com menor resolução do que os microscópios eletrônicos, as técnicas de microscopia com luz visível são essenciais para observar amostras biológicas em funcionamento pleno, sem que a observação afete seu funcionamento.
Isso é tradicionalmente feito usando corantes, como proteínas GFP e anticorpos ligados a fluorófos sintéticos.
Entretanto, isso permite distinguir estruturas moleculares e celulares em uma escala de 200 a 300 nanômetros. A maioria dos vírus é muito menor do que isso.
E os cientistas querem ver os vírus no interior das células que eles infectam, para observar seu funcionamento e descobrir formas de contra-atacá-los.
Capsídeos
Christophe Zimmer e seus colegas do Instituto Pasteur juntaram duas técnicas igualmente recentes - FLAsH e PALM -, criando uma nova forma híbrida de visualização que permite distinguir estruturas com apenas 30 nanômetros.
Isso permitiu que eles vissem pela primeira vez os capsídeos de um HIV-1 sem afetar a capacidade de replicação do vírus.
Capsídeos são estruturas cônicas que contêm o genoma do vírus. Essas estruturas devem se desmantelar para que o genoma viral se integre ao genoma da célula infectada.
As observações permitiram decidir um debate de longa data entre os pesquisadores, que não sabiam se os capsídeos se desmantelavam logo após a entrada do vírus na célula ou, como agora se demonstrou que de fato ocorre, eles permanecem fechados o suficiente para que o vírus chegue ao núcleo celular.
Isto mostrou que os capsídeos desempenham um papel muito mais importante no ciclo de replicação do HIV do que se assumia até agora.
Há cerca de um ano, pesquisadores britânicos conseguiram enxergar um vírus pela primeira vez usando um microscópio óptico, mas ainda sem a resolução necessária para observar especificamente o HIV.