Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/09/2015
Acidificação dos oceanos
Engenheiros da Universidade da Califórnia estão propondo usar micromáquinas para capturar o dióxido de carbono excessivo nas águas de lagos, rios e até dos oceanos.
"Estamos entusiasmados com a possibilidade de usar esses micromotores para combater a acidificação dos oceanos e o aquecimento global," disse Virendra Singh, que faz parte da equipe da qual também participa a brasileira Severina de Oliveira, formada pela UFRN.
Eles são membros da equipe do professor Joseph Wang, que vem desenvolvendo micromotores há algum tempo, já tendo construído várias versões, incluindo um microfoguete alimentado pela própria água do mar, outro capaz de navegar pelo estômago humano e uma versão que navega pelo sangue para capturar células doentes.
Descarbonatação
Nestes novos experimentos, os micromotores descarbonataram rapidamente soluções aquosas saturadas com dióxido de carbono.
Em cinco minutos, os micromotores removeram 90% do CO2 de uma solução de água ionizada. Eles foram igualmente eficazes em uma solução de água do mar, removendo 88% do dióxido de carbono no mesmo período de tempo.
Os micromotores são essencialmente tubos - cada um com seis micrômetros de comprimento - que convertem dióxido de carbono em carbonato de cálcio, o mesmo mineral presente nas cascas dos ovos, nas conchas de organismos marinhos, nos suplementos de cálcio, no cimento etc.
Os microtubos têm uma superfície externa de polímero que contém a enzima anidrase carbônica, que acelera a reação entre o dióxido de carbono e a água para formar bicarbonato. A adição de cloreto de cálcio à água ajuda a converter o bicarbonato em carbonato de cálcio.
A ideia é que esses micromotores possam ser utilizados no futuro como parte dos sistemas de tratamento de água.
Combustível poluente
Mas ainda resta bastante trabalho a fazer para que todas as ideias da equipe sejam postas em prática. O principal desafio é o combustível que movimenta os micromotores para que eles saiam pela água fazendo o seu trabalho.
Esse combustível é o peróxido de hidrogênio, que precisa estar presente em concentrações de até 4%, o que faz os micromotores atingirem velocidades de 0,1 milímetro por segundo - 36 cm/hora.
A equipe afirma estar trabalhando em uma versão alimentada apenas pela água.