Redação do Site Inovação Tecnológica - 09/03/2021
Meteorito mais antigo que a Terra
Um meteorito encontrado em 2020 nas areias do deserto do Saara, na Argélia, é cerca de 2 milhões de anos mais antigo do que a Terra, tendo sido formado nas primeiras eras do Sistema Solar.
Uma equipe de cientistas franceses e japoneses, que analisou o meteorito Erg Chech 002 (ou EC 002), acredita que ele pode ser um pedaço de um protoplaneta que teria sido destruído antes de se estabilizar.
Isto porque as análises mostraram que a rocha foi formada por processos vulcânicos e levou pelo menos 100.000 anos para resfriar e endurecer.
Andesito
Diferentemente dos meteoritos acondritos comuns, que têm composição basáltica e já são bastante raros, o EC 002 é constituído por uma outra rocha vulcânica, o andesito.
Na Terra, o andesito é encontrado principalmente em zonas de subducção - áreas onde as placas tectônicas colidiram e uma foi empurrada para baixo da outra. A maioria dos meteoritos de origem vulcânica descobertos na Terra é feita de outro tipo de rocha, chamada basalto.
E, como é extremamente antiga, essa rocha é única, trazendo informações importantes sobre o processo de formação planetária. Quando cruzaram as informações dos elementos que compõem o meteorito com os dados disponíveis para asteroides, a equipe não encontrou nada que corresponda à composição do EC 002.
"Este meteorito é a rocha magmática mais antiga analisada até hoje e lança luz sobre a formação das crostas primordiais que cobriam os protoplanetas mais antigos," escreveu a equipe.
Meteorito mais antigo já encontrado
Analisando os isótopos de alumínio e magnésio presentes no meteorito, Jean-Alix Barrat e seus colegas sugerem que estes dois minerais tenham se cristalizado há cerca de 4,565 bilhões de anos.
Logo, em comparação com o planeta Terra, cuja idade é estimada em cerca de 4,540 bilhões de anos, o EC 002 é ligeiramente mais velho.
Isso significa que o meteorito provavelmente foi parte da crosta de um antigo protoplaneta, que teria se fragmentado durante a formação do Sistema Solar, sugerindo que a formação dos planetas pode ser um processo mais caótico do que os cientistas imaginavam.
É a primeira vez que os geólogos têm uma rocha desse tipo e dessa idade para estudar, o que indica que novas análises e novos dados deverão ser publicados ao longo dos próximos anos, com informações importantes sobre a formação dos planetas - como o EC 002 pesa cerca de 32 quilogramas, há bastante material para estudar.