Redação do Site Inovação Tecnológica - 11/09/2008
Três universidades norte americanas (Pittsburgh, Carolina do Norte e Cincinnati) estão unindo esforços para criar uma nova geração de dispositivos ortopédicos, craniofaciais e cardiovasculares que se adaptam à anatomia física do paciente e se dissolvem quando não são mais necessários.
O principal objetivo da pesquisa é reduzir a necessidade de cirurgias adicionais de acompanhamento e retirada dos dispositivos quando eles não são mais necessários, evitando o grande número de complicações que hoje acontecem nos procedimentos ortopédicos, evitando gastos com médicos e hospitais e reduzindo as necessidades de internações.
Otimizando o processo natural de regeneração
"O tratamento de tecidos doentes e traumatizados está evoluindo conforme as tecnologias médicas controlam cada vez mais os poderes regenerativos do corpo," explica o Dr. William Wagner, um dos participantes da pesquisa.
"Esta pesquisa irá ampliar esse enfoque combinando os atributos mecânicos dos metais com agentes biologicamente ativos que, juntos, irão favorecer ainda mais o processo natural de cicatrização," diz ele.
Metais biodegradáveis
As próteses, órteses e equipamentos médicos serão construídos a partir de ligas especiais de magnésio, às quais serão adicionados diversos tipos de agentes biológicos para promover a cicatrização e evitar a rejeição e as inflamações.
Os novos equipamentos biodegradáveis deverão beneficiar pacientes com condições tão diversas quanto os portadores de fissuras lábio-palatais, acidentados com fraturas ósseas e portadores de doenças cardíacas.
Por exemplo, as crianças com fissura lábio-palatal geralmente utilizam um dispositivo de metal rígido que deve sofrer manutenções periódicas e ser trocado conforme a criança cresce. O objetivo dos pesquisadores é limitar ao máximo a necessidade dessas manutenções, já que os metais biodegradáveis poderão se adaptar ao corpo naturalmente.
Ligas de magnésio
As ligas de magnésio e de alguns outros metais biodegradáveis praticamente dissolvem-se no organismo depois de terem cumprido sua função estrutural, praticamente sem nenhum efeito colateral. O processo de biodegradação poderá ser induzido com a adição de compostos químicos.
Reações eletroquímicas entre o organismo e o metal biodegradável fazem com que este se dissolva. O processo é uma espécie de oxidação, por meio da qual os íons do metal se espalham nos tecidos ao redor, reagindo posteriormente com a água para formar hidróxidos estáveis, óxidos ou mesmo para formar complexos protéicos.
A maioria das pesquisas até agora nesse campo vinha se concentrando em polímeros biodegradáveis, mas os cientistas acreditam que os metais biodegradáveis poderão ter grandes vantagens em casos nos quais a leveza e a resistência do material são elementos cruciais para o sucesso das cirurgias.