Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/11/2013
Luz do acaso
Cientistas descobriram por acaso um aumento de 400 vezes na condutividade elétrica de um cristal simplesmente expondo-o à luz.
O efeito, que dura vários dias depois que a luz foi desligada, pode melhorar drasticamente o desempenho dos computadores, criando memórias holográficas 3D.
Marianne Tarun fez a descoberta depois de chegar ao laboratório e verificar que a condutividade elétrica de alguns cristais de titanato de estrôncio esquecidos sobre a mesa havia disparado.
Inicialmente ela pensou que as amostras estavam contaminadas, mas uma série de experimentos mostrou que o efeito foi gerado pela exposição à luz.
"Foi totalmente acidental. Não é algo que esperávamos," confessa ela.
Tarun então refez tudo de modo criterioso, expondo novas amostras de titanato de estrôncio à luz durante 10 minutos.
A condutividade subiu 400 vezes e permaneceu nesse patamar durante dias, sem a necessidade de expor novamente o cristal à luz.
Fotocondutividade persistente
A equipe levanta a hipótese de que a luz libera elétrons no material, permitindo que ele transporte mais corrente, mas isso é algo que somente estudos mais detalhados poderão confirmar.
O fenômeno, chamado fotocondutividade persistente, fica longe da supercondutividade, a ausência total de resistência elétrica apresentada por alguns materiais, geralmente em temperaturas próximas do zero absoluto.
Mas o fato de que a fotocondutividade persistente ocorre no titanato de estrôncio a temperatura ambiente faz com que o fenômeno possa ter aplicações práticas imediatas.
As memórias de computador armazenam os dados na superfície de um chip de silício ou na camada superior de um disco rígido.
Já um dispositivo que apresente a fotocondutividade persistente poderá armazenar informações ao longo de todo o volume de um cristal.
Esse é o princípio das chamadas memórias holográficas, ou memórias 3D, que poderão representar um salto na densidade de armazenamento, guardando muito mais informações por área.